The Passion
Of The Christ – A Paixão de Cristo
EUA (2004)
Direção: Mel Gibson
Elenco: James Caviezel (Jesus), Maia Morgenstern (Maria),
Mônica Bellucci (Maria Madalena), Luca Lionello (Judas) e Francesco De Vito
(Pedro)
Quando em 1956, Cecil B.DeMille levou para as telas sua
versão de “Os Dez Mandamentos” o mundo inteiro aplaudiu. Afinal era o que se
esperava da tão falada e adiada (na época) superprodução. Os anos se passaram e
cada livro da Bíblia acabou ganhando sua versão cinematográfica.
Tivemos então,
Judas, Maria, os apóstolos, a arca de Noé e até algumas versões pornô de Adão e
Eva. O livro sagrado parecia uma fonte sem fim para diretores ávidos por
atenção. Tudo corria como o previsto até que o mundo assistiu estupefato “A
Paixão de Cristo”(2004), marco único na carreira do ator-diretor australiano
Mel Gibson.
Violentíssimo,
com ritmo de videoclipe, quase um filme gore , Gibson se ocupou em relatar as
últimas 12 horas do sofrimento físico do filho de Deus e deu às cenas de
açoitamento status de “obra de arte”. Numa cena Jesus leva uns chutes, em outra
é espancado nú em praça pública, mais adiante a coroa de espinho é colocada em
sua cabeça e o sangue escorre até os olhos e por aí vai.
A cena mais
impressionante é a da crucificação. Um soldado romano com cara de tarado segura
uns pregos de nove polegadas (sorry Trent Reznor) afiadíssimos e martela sem dó
as mãos e pés do Messias. Junte esta sangueira com a clímax da trilha sonora e
eis uma cena impactante.
O legal é que o
Mel Gibson, como um menino glutão em festa de aniversário, parte direto para os
finalmentes e pula a parte politizada de Jesus x fariseus (que já deu nos sacos
de católicos, crentes e ateus). Confesso que fiquei curioso para entender como
estes últimos receberam o filme. É inegável o banquete sádico ao ver o “símbolo”
apanhando sem dó nem piedade por mais de uma hora. Aí você pergunta:
- Mas o que o
diretor pretende com tudo isso ? Tem alguma mensagem embutida no meio de tanto
sofrimento ? Lembramos então da passagem do “cordeiro de Deus” e relacionamos o
excessivo derramamento de sangue a uma espécie de limpeza dos pecados da
humanidade corrupta e mesquinha e então vislumbramos algum sentido nisso tudo.
Claro que o velho
Mad Max não ia escapar ileso de tanta liberdade poética. Foi chamado de
antissemita para baixo e sofreu boicote de grupos desgostosos com a exibição da
película.
Mas vamos nos
ater aos fatos: No filme “Mad Max “(1979) ele serra o pé de um cara, no
“Máquina Mortífera” (1987) ele mata uns bandidos com um revólver prateado, no
“Braveheart” (1985) dizima um monte de combatentes em campo de batalha, no
“Sinais” corta os dedos de um ET e no “Apocalypto” ele extermina um monte de
selvagens. Qual a surpresa em ver Jesus apanhando se o diretor já vem com um
histórico destes ?
“Paixão de Cristo”
deve ser assistido longe das amarras da religião, livre de conceitos e
pré-conceitos. Deve ser apreciado como uma aula de cinema que se vale de
religião, drama e violência para contar uma triste porém importante história.
No ano passado, a
Igreja do meu bairro realizou uma encenação da Paixão de Cristo. O elenco muito
bem ensaiado deu um show de bola. Como ressalva apenas um Jesus gordinho e uma
Maria Madalena com tatuagem tribal no pé... O legal foi que colocaram como pano
de fundo o filme do Mel Gibson que “interferia” na peça teatral e servia como
explicação de algumas cenas !
Cadê o Gerald Thomas nesta hora para aprender como é que se
faz ?
****Muito Bom
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