segunda-feira, 14 de abril de 2014

The Passion Of The Christ – A Paixão de Cristo
EUA (2004)
Direção: Mel Gibson
Elenco: James Caviezel (Jesus), Maia Morgenstern (Maria), Mônica Bellucci (Maria Madalena), Luca Lionello (Judas) e Francesco De Vito (Pedro)
Quando em 1956, Cecil B.DeMille levou para as telas sua versão de “Os Dez Mandamentos” o mundo inteiro aplaudiu. Afinal era o que se esperava da tão falada e adiada (na época) superprodução. Os anos se passaram e cada livro da Bíblia acabou ganhando sua versão cinematográfica.
     Tivemos então, Judas, Maria, os apóstolos, a arca de Noé e até algumas versões pornô de Adão e Eva. O livro sagrado parecia uma fonte sem fim para diretores ávidos por atenção. Tudo corria como o previsto até que o mundo assistiu estupefato “A Paixão de Cristo”(2004), marco único na carreira do ator-diretor australiano Mel Gibson.

     Violentíssimo, com ritmo de videoclipe, quase um filme gore , Gibson se ocupou em relatar as últimas 12 horas do sofrimento físico do filho de Deus e deu às cenas de açoitamento status de “obra de arte”. Numa cena Jesus leva uns chutes, em outra é espancado nú em praça pública, mais adiante a coroa de espinho é colocada em sua cabeça e o sangue escorre até os olhos e por aí vai.
     A cena mais impressionante é a da crucificação. Um soldado romano com cara de tarado segura uns pregos de nove polegadas (sorry Trent Reznor) afiadíssimos e martela sem dó as mãos e pés do Messias. Junte esta sangueira com a clímax da trilha sonora e eis uma cena impactante.
     O legal é que o Mel Gibson, como um menino glutão em festa de aniversário, parte direto para os finalmentes e pula a parte politizada de Jesus x fariseus (que já deu nos sacos de católicos, crentes e ateus). Confesso que fiquei curioso para entender como estes últimos receberam o filme. É inegável o banquete sádico ao ver o “símbolo” apanhando sem dó nem piedade por mais de uma hora. Aí você pergunta:
     - Mas o que o diretor pretende com tudo isso ? Tem alguma mensagem embutida no meio de tanto sofrimento ? Lembramos então da passagem do “cordeiro de Deus” e relacionamos o excessivo derramamento de sangue a uma espécie de limpeza dos pecados da humanidade corrupta e mesquinha e então vislumbramos algum sentido nisso tudo.

     Claro que o velho Mad Max não ia escapar ileso de tanta liberdade poética. Foi chamado de antissemita para baixo e sofreu boicote de grupos desgostosos com a exibição da película.
     Mas vamos nos ater aos fatos: No filme “Mad Max “(1979) ele serra o pé de um cara, no “Máquina Mortífera” (1987) ele mata uns bandidos com um revólver prateado, no “Braveheart” (1985) dizima um monte de combatentes em campo de batalha, no “Sinais” corta os dedos de um ET e no “Apocalypto” ele extermina um monte de selvagens. Qual a surpresa em ver Jesus apanhando se o diretor já vem com um histórico destes ?
     “Paixão de Cristo” deve ser assistido longe das amarras da religião, livre de conceitos e pré-conceitos. Deve ser apreciado como uma aula de cinema que se vale de religião, drama e violência para contar uma triste porém importante história.
     No ano passado, a Igreja do meu bairro realizou uma encenação da Paixão de Cristo. O elenco muito bem ensaiado deu um show de bola. Como ressalva apenas um Jesus gordinho e uma Maria Madalena com tatuagem tribal no pé... O legal foi que colocaram como pano de fundo o filme do Mel Gibson que “interferia” na peça teatral e servia como explicação de algumas cenas !
Cadê o Gerald Thomas nesta hora para aprender como é que se faz ?

****Muito Bom

Nenhum comentário:

Postar um comentário