Metal – A Headbanger’s
Journey
Canadá (2005)
Direção: Sam Dunn, Scot McFadyen e Jessica Wise
Sam Dunn é um fã de metal que desde os 12 anos coleciona e
acompanha tudo sobre o mais incompreendido gênero musical das últimas décadas.
“Metal – A Headbanger’s Journey” é sua conclusão de antropologia. O trabalho
escolar acabou virando um filme que é uma declaração de amor ao estilo
metaleiro de viver.
Sam afirma que a paixão pelas letras e capas dos álbuns de
heavy metal o fez buscar a contextualização de tudo aquilo. Estudou então
as sociedades antigas e extintas e
quando percebeu já tinha material suficiente para um livro ou um filme. Optou
pelo segundo formato.
Montado como um documentário, nosso universitário-repórter
vai até a Califórnia e conversa com Dee Snider do Twisted Sister. O roqueiro
detalha o processo sofrido por conta da Parental Advisory (uma associação que
controla abusos e pornografia na música) e gargalha ao afirmar que a esposa de
um senador viu relação sadomasoquista quando na verdade a letra de sua banda
falava da visita do contrabaixista ao dentista.
Agora o Sam pega um avião para entrevistar o Tommy Iommi
(todo de preto com aqueles anéis nas duas mãos). O guitarrista muito zen, diz
que desde a criação do Black Sabbath só uma vez foi proibido de tocar em uma
cidade. A Igreja local conseguiu cancelar a apresentação dos roqueiros sobre a
alegação de satanismo. Misteriosamente (três dias após a proibição) a igreja
pegou fogo acidentalmente. O Iommi dá uma risadinha e diz que caso como este
reforçou o mito “Black Sabbath”.
Da Inglaterra o Sam estica até o Wacken Festival e encontra
o Ronnie James Dio. O baixinho simpático explica a origem do sinal com
chifrinho (feito com a mão) que afirma ser invenção sua. Na curta entrevista
deu pra saber que ele não suporta o Gene Simmons. O Dio anota até o endereço de
sua casa para o sortudo repórter e combinam de conversar mais uma vez.
Agora o Sam está passeando entre as barraquinhas do festival
e topa com o os monossilábicos membros do Mayhem. Os dois músicos bêbados
mandam todos (repórter e câmera) para aquele local impublicável e o Sam sai
cascando o bico.
Voltam para a América. Nesta parte o documentário explica as
relações entre heavy metal, satanismo e religião. O Sam entrevista o Alice
Cooper que afirma ser ele o começo de tudo aquilo. Entra umas cenas de shows
antigos da Tia Alice, guilhotina cortando cabeças, sangue cenográfico e toda
aquela teatralidade que marcava as apresentações do velho roqueiro.
O Sam chega até o capítulo black metal e aí sim o
documentário ganha valor incrível. Descem no Aeroporto de Oslo e já ficam
surpresos pela ausência de alfândega e check-in. Explicam para uma autoridade
que são gringos fazendo um documentário sobre black metal e recebem as
orientações necessárias para chegarem até pessoas e locais.
Acham a igreja que o maluco do integrante do Burzum queimou,
conseguem uma entrevista com o idiota, que continua em prisão perpétua, e este
reafirma as abobrinhas de satanismo x cristianismo. Vão ao encontro do
vocalista do Gorgoroth (que com um visual diabólico e voz gutural se assemelha
ao próprio cramulhão), visitam igrejas, universidades, padres e professores de
história. Tudo para chegarem a conclusão que a violência extrema do black metal
escandinavo tem a ver com o altíssimo nível de vida dos noruegueses, suecos e
finlandeses e que por lá não existe motivo nenhum para se rebelar contra nada.
Uma informação interessante: quando o Sam estava entrevistando o Gaahl (do
Gorgoroth) ele desceu o pau no Varg Vikernes (o incendiário integrante do
Burzum) e disse que ao fazer aquilo o mané pôs fogo num local primevo que já
tinha sido palco de rituais satânicos e pagãos (a Igreja foi construída sobre
uma outra de séculos atrás...).
O Sam encerra ainda o documentário falando com o Geddy Lee
(Rush), Vince Neil (Motley Crue), Rob Zombie, Lemmy e Bruce Dickinson. Mas a
cena que fica é a da segunda entrevista com o Dio. O Sam é recebido pelo
supersimpático metaleiro numa sala forrada de armaduras medievais e pinturas
renascentistas. Pegam nas espadas (meio gay isso...), começam uma luta de
mentirinha, bebem cerveja e o Dio começa a mostrar sua coleção de diabinhos,
dragões e monstros de brinquedos capaz de causar invejar em qualquer
colecionador de toy art.
Heavy Metal ! Um gênero incompreendido. Música forte para pessoas
fortes que não seguem modismos !
Para assistir e ouvir no volume máximo !
****Ótimo
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