sexta-feira, 18 de abril de 2014

Metal – A Headbanger’s Journey
Canadá (2005)
Direção: Sam Dunn, Scot McFadyen e Jessica Wise
Sam Dunn é um fã de metal que desde os 12 anos coleciona e acompanha tudo sobre o mais incompreendido gênero musical das últimas décadas. “Metal – A Headbanger’s Journey” é sua conclusão de antropologia. O trabalho escolar acabou virando um filme que é uma declaração de amor ao estilo metaleiro de viver.
Sam afirma que a paixão pelas letras e capas dos álbuns de heavy metal o fez buscar a contextualização de tudo aquilo. Estudou então as  sociedades antigas e extintas e quando percebeu já tinha material suficiente para um livro ou um filme. Optou pelo segundo formato.
Montado como um documentário, nosso universitário-repórter vai até a Califórnia e conversa com Dee Snider do Twisted Sister. O roqueiro detalha o processo sofrido por conta da Parental Advisory (uma associação que controla abusos e pornografia na música) e gargalha ao afirmar que a esposa de um senador viu relação sadomasoquista quando na verdade a letra de sua banda falava da visita do contrabaixista ao dentista.

Agora o Sam pega um avião para entrevistar o Tommy Iommi (todo de preto com aqueles anéis nas duas mãos). O guitarrista muito zen, diz que desde a criação do Black Sabbath só uma vez foi proibido de tocar em uma cidade. A Igreja local conseguiu cancelar a apresentação dos roqueiros sobre a alegação de satanismo. Misteriosamente (três dias após a proibição) a igreja pegou fogo acidentalmente. O Iommi dá uma risadinha e diz que caso como este reforçou o mito “Black Sabbath”.
Da Inglaterra o Sam estica até o Wacken Festival e encontra o Ronnie James Dio. O baixinho simpático explica a origem do sinal com chifrinho (feito com a mão) que afirma ser invenção sua. Na curta entrevista deu pra saber que ele não suporta o Gene Simmons. O Dio anota até o endereço de sua casa para o sortudo repórter e combinam de conversar mais uma vez.
Agora o Sam está passeando entre as barraquinhas do festival e topa com o os monossilábicos membros do Mayhem. Os dois músicos bêbados mandam todos (repórter e câmera) para aquele local impublicável e o Sam sai cascando o bico.
Voltam para a América. Nesta parte o documentário explica as relações entre heavy metal, satanismo e religião. O Sam entrevista o Alice Cooper que afirma ser ele o começo de tudo aquilo. Entra umas cenas de shows antigos da Tia Alice, guilhotina cortando cabeças, sangue cenográfico e toda aquela teatralidade que marcava as apresentações do velho roqueiro.

O Sam chega até o capítulo black metal e aí sim o documentário ganha valor incrível. Descem no Aeroporto de Oslo e já ficam surpresos pela ausência de alfândega e check-in. Explicam para uma autoridade que são gringos fazendo um documentário sobre black metal e recebem as orientações necessárias para chegarem até pessoas e locais.
Acham a igreja que o maluco do integrante do Burzum queimou, conseguem uma entrevista com o idiota, que continua em prisão perpétua, e este reafirma as abobrinhas de satanismo x cristianismo. Vão ao encontro do vocalista do Gorgoroth (que com um visual diabólico e voz gutural se assemelha ao próprio cramulhão), visitam igrejas, universidades, padres e professores de história. Tudo para chegarem a conclusão que a violência extrema do black metal escandinavo tem a ver com o altíssimo nível de vida dos noruegueses, suecos e finlandeses e que por lá não existe motivo nenhum para se rebelar contra nada. Uma informação interessante: quando o Sam estava entrevistando o Gaahl (do Gorgoroth) ele desceu o pau no Varg Vikernes (o incendiário integrante do Burzum) e disse que ao fazer aquilo o mané pôs fogo num local primevo que já tinha sido palco de rituais satânicos e pagãos (a Igreja foi construída sobre uma outra de séculos atrás...).
O Sam encerra ainda o documentário falando com o Geddy Lee (Rush), Vince Neil (Motley Crue), Rob Zombie, Lemmy e Bruce Dickinson. Mas a cena que fica é a da segunda entrevista com o Dio. O Sam é recebido pelo supersimpático metaleiro numa sala forrada de armaduras medievais e pinturas renascentistas. Pegam nas espadas (meio gay isso...), começam uma luta de mentirinha, bebem cerveja e o Dio começa a mostrar sua coleção de diabinhos, dragões e monstros de brinquedos capaz de causar invejar em qualquer colecionador de toy art.
Heavy Metal ! Um gênero incompreendido. Música forte para pessoas fortes que não seguem modismos !
Para assistir e ouvir no volume máximo !

****Ótimo

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