The Seeds - Future
Conheci o The Seeds na segunda vez que visitei o sebo
Ventania, no centro de São Paulo. A primeira vez que estive por lá foi com o
Dunga, um colega que trabalhava comigo no Diário e com quem eu sempre trocava
impressões a cerca das músicas tocadas
pela 97 FM (que ouvíamos num radinho de pilha). O que ele não sabe, já que eu
mesmo só fui dar conta disto a poucos anos atrás, é que aquela tarde na qual
descobrimos os sebos do “Ventania” (que tinha este nome por causa de uma música
do Geraldo Vandré) e do “Zé do Disco” (um outro sebo ao lado), acabou não
apenas moldando toda minha juventude, mas descortinou um mundo novo que eu nem
sonhara existir. Funcionando assim como
um elixir para aguentar as agruras da vida, família, pobreza e outras coisas,
visitar o “Ventania” acabou se tornando um ritual obrigatório nas semanas de
pagamento (hábito que eu continuei cultivando quando fui trabalhar perto do
local).
Toda minha paixão (e não é pouca) por música se derivou de
idas a sebos e lojas de discos da qual a mais memorável e importante se deu
naquele dia.
Na ocasião comprei duas coletâneas dos Stones: o “Gimme
Shelter” (argentino e riscado), o “Flowers” e o “Disraeli Gears” do Cream (que
não estava a venda mas dei um jeito de encaixar na compra). Meu colega, se não
me engano, pegou o “It’s Hard” do The Who e mais alguns outros que não me
lembro.
Já conhecendo o caminho, na visita seguinte arrematei o
“Future” do The Seeds”, lançado em 1968 e colocado na prateleira da “Jovem
Guarda” (?).
Como na época eu estava em busca de novidades acabei
simpatizando com a capa do vinil e, confesso, comprei o álbum sem saber o que
era. Quando coloquei o bendito na vitrola CCE uma surpresa: Narração circense
anunciava o disco como um espetáculo ao vivo e já na segunda faixa ouviamos
apitos, flautas, e sonoridade garage band. O tempo cunhou para estes
californianos o rótulo “proto-punk”. O líder da banda, Sky Saxon, era um doido
varrido que recebia visitas de ETs e falava com os mortos. Os melhores momentos
do LP são a sétima faixa “Now a Man” com vocal parodiando Mick Jagger e a
longa, sufocante e sugestiva “Fallin”, que encerra o álbum.
Uma queda para mundos desconhecidos…
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