sexta-feira, 18 de abril de 2014

Banana Split
Brasil (1988)
Direção: Paulo Sérgio de Almeida
Elenco: Otávio Augusto, Roberto Bomtempo, Tassia Camargo, Myrian Rios , Marcos Frota e André Felipe di Mauro
Se tem um assunto que parece inesgotável para os cineastas brasileiros é a Revolução de 1964 (a turma de vermelho prefere a palavra “golpe”)
Assim, livros, teses,artigos, quadrinhos, músicas, peças teatrais e é claro filmes foram produzidos numa velocidade e quantidade impressionante a fim de manter uma espécie de memória viva , uma resistência que nunca deixa a ferida da história cicatrizar.
Após a chegada dos militares ao poder e a conseqüente anistia geral ,tivemos eleição direta para presidente. O povo escolheu Fernando Collor e o Lula teve que se conformar com uma espécie de vice-campeonato. Me recordo do jogo sujo e das patifarias que marcaram aquela campanha presidencial. De um lado tínhamos o “publicitário” Fernando Collor caçador de marajás, todo dia no Jornal Nacional carregando umas pastinhas com “dossiês fajutos” Do outro lado o velho Lula promovendo greves artificiais e sem necessidade.Valia tudo para uns minutinhos a mais no noticiário desde que isso revertesse em alguns votos.

Bem, todos conhecem a história,o Collor venceu e depois foi (corretamente) deposto.O
que poucos esquecem ou maldosamente preferem não se recordar é que 90% dos atores da Globo ,do teatro e do cinema apoiaram em peso a campanha do senhor Luis Inácio. Quando o político alagoano chegou ao poder a primeira coisa que fez foi extinguir a Embrafilme. Quem em sã consciência deixaria um aparato daqueles, autêntica máquina de propaganda ideológica, financiada com verbas federais trabalhar contra seu próprio governo ?
Neste cenário, em 1988, meses antes da eleição, foi finalizado “Banana Split”. O longa de Paulo Sérgio de Almeida (que havia anteriormente filmado “Beijo na Boca” sobre armações da classe média) apareceu como um corpo estranho na filmografia nacional do período.
Ambientado em Petrópolis,em novembro de 1963, o filme começa ( pagando o obrigatório tributo aos patrulheiros) com três jovens sentados num jardim ouvindo pelo rádio a notícia do assassinato de John Kennedy. Neste momento um Karmann Ghia conversível e um Simca Chamboard correm em alta velocidade por uma estrada. Começa a música “Banana Split” dos divinos João Penca e os Miquinhos Amestrados (a melhor coisa do rock nacional dos anos 1980 ao lado de Leo Jaime e Eduardo Dusek. Mas fica para outra hora...).
Dos carros desembarcam o Marcos Frota, o Bomtempo, a Myrian Rios e a Danielle Daumerie. Todos vinham de Copacabana para passar o Natal e o Carnaval em Petrópolis . O Marcos Frota é o líder da turma sempre com óculos escuros e uma jaquetinha cafajeste o Bomtempo faz a linha drogado quietão. Não demora eles encontram os três caipiras da praçinha e descobrem que vai rolar um baile de formatura que marca o encerramento do segundo grau. Comemoração dupla fim de ano e fim de curso.

Fica um clima meio triste e nostálgico pois a turma irá se desfazer.Mas o Marcos Frota (filho de um milionário homem de negócios – Walmor Chagas) não está preocupado com nada disso e só pensa em comer todas as meninas da festa.
Mira sua atenção na mais gatinha que era irmã de um dos caipiras (André Felipe). Este, sentindo-se desafiado com a “folga” do Frota, empurra o playboy e uma briga começa do lado de fora no salão de festas. Segue-se aqueles clichês na linha “Juventude Transviada” com canivete automático, meninas de saias rodadas e carros velozes. A Myrian Rios convence o Frota a deixar a briga para depois. Ao mesmo tempo ela se engraça com o André Felipe e marca um encontro com o valente. O Frota,como queria confusão recebe umas anfetaminas do Bomtempo e juntos roubam uma lambreta (uso da droga convertendo as pessoas em ladrões hehe...). Como eram os tais,invadem um cinema com as lambretas furtadas e provocam algazarra. Mostram que são mesmo do barulho. Na trilha mais João Penca...
O André Felipe diz para os amigos que não vai deixar barato e arma uma forma de roubar a namorada do Frota (a Myrian Rios). Consegue. Um baile pré-carnavalesco é realizado. Surge aqueles dilemas da juventude: a primeira transa, a escolha da profissão a saída da casa dos pais e o filme que se desenhava com comédia quase vira um dramalhão. No rádio o “Repórter Esso” anuncia o começo da reação militar com a ida do Jango para a China (foi lá fazer o quê ?) e o início de algumas prisões. O pai do André Felipe (que era comunista) foge para não ser preso,a Myrian Rios avisa que tem que voltar para Copacabana ,o Bomtempo se casa, o André decide prestar vestibular para cinema e seus amigos vão até a lanchonete comer uma banana-split.
Um filme despretensioso e por isso mesmo necessário, que não levanta bandeiras para retratar o caos político e o cotidiano dos jovens da época.
Atenção: diversas cenas com a Myrian Rios,de biquíni na piscina. Isso compensa cada minuto gasto com a fita!!

***Bom

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