Burt
Sugarman’s Midnight Special 1975-76
EUA (2006)
Produção: Burt Sugarman
The Midnight Special foi uma série semanal norte-americana
exibida no canal NBC que foi ao ar entre 1972 a 1981. No estilo do nosso finado
Globo de Ouro, apresentava sempre o mesmo cenário, iluminação e logotipo (o
nome do artista escrito em luzes vermelhas sob fundo preto) unificando os
números musicais apresentados.
A simpática costura dos sets musicais se devia ao artista
que havia acabado de se cantar ter como função apresentar o próximo. Claro que
rolava umas rasgações de seda entre os músicos , mas tudo isso dava um aspecto
de uma grande família musical reunida num único palco.
A apresentadora oficial Helen Reddy era as vezes substituída
pelo grandalhão Wolfman Jack, que também atuava como o “Lombardi” deles ,
fazendo narrações em off. O nome do programa “Midnight Special” é creditado à
canção imortalizada por Johnny Rivers.
Nenhum artista ou grupo jamais dublou nada o que mostrava a
seriedade da empreitada. São estas performances ao vivo, as vezes com as bandas
mal ensaiadas, que residem o charme e a graça do programa (que provavelmente
foi o primeiro late-night show da TV americana). Como nem tudo é perfeito, a
atração tinha uma parte reservada para aquelas chatíssimas piadas (o tal do
stand up comedy) e quadros humorísticos bem ao estilo do Saturday Night Live.
Mas, fiquemos com a música.Midnight_Special_body
No DVD de 1975 temos os gurus do KLB, os australianos do Bee
Gees cantando “Nights On Broadway”, Maurice Gibb soltando todos os trinados que
tem direito e os outros dois Gibbs com as indefectíveis calças bocas-de-sino e
camisas de tergal. Segue com o jovem, bonito e sorridente Peter Frampton com o
chicletão “Show Me The Way”, em 1975 Frampton era rei... Uma pausa para a Helen
Reddy falar qualquer coisa sem importância e eis o KC & The Sunshine Band
com a ótima “That´s Way I Like It, (prefiro sempre a versão de estúdio desta
música). Aparece o Rod Stewart com cara de ressaca e roupa de ginástica (meio
se desculpando: bebi todas, cheirei tudo,mas estou com meu adidas para um
sessão de malhação... ) o Ronnie Wood ajuda o Rod na roubada. Surge o Earth,
Wind & Fire com aquele som de usina espacial humilhando todo mundo com a
acachapante “Shinning Star”, sucedida pela Natalie Cole com visual disco para
executar “The Will Be (Everlasting Love).
Com aquele cabelo loirinho penteadinho de bom menino pinta o
Barry Manilow com a manjada “Could It Be Magic” , o swing dos Ohio Players com
a música “Rollercoaster” tema do desenho dos Beavis e Butthead e a gatinha
Olivia Newton-John com “Have You Never Been Mellow”. Uma ducha fria com a
chegada do “sertanejo” Glen Campbell com a sonolenta “Rhinestone Cowboy” e um
dueto com Ray Charles e Aretha Franklin em “It Takes Two To Tango” , os dois no piano.
Mas o melhor momento destes números de 1975 é sem dúvida a
performance angelical de Minnie Riperton na fantástica “Lovin’You” (um belo
desafio para a Amy Winehouse tentar ver se consegue...) e defendendo as
fileiras do hard os deuses do Kiss mandando ver no hino “Black Diamond”, com o
Gene babando sangue e o Peter Criss destruindo a bateria no final do número.
Great.
No DVD de 1976 temos Elton John executando “Your Song” de
forma correta, os anódinos do Fleetwood Mac com “Over My Head’ com aquele grau
de pausteurização marca registrada do conjunto, Spinners com um som datadão que
se encaixaria melhor no Soul Train (um programa de Black music da mesma época),
o Heart tocando “Magic Man” provando que hard rock pode ser uma boa, e os
carismáticos Hot Chocolate com “You Sexy Thing” seu único sucesso...
Vem o Wild Cherry com “Play That Funky Music” na fronteira
do funk com o rock , forma que anos depois causaria a fama dos “originais’
Faith No More e George Benson com a sem graça “This Masquerade”. Depois temos
Michael Murphey (quem ?) com “Wildfire” e Diana Ross, magérrima, toda de
amarelo com “Love Hangover”.
O melhor momento deste segundo DVD é sem dúvida Eric Carmen
matando a pau no piano com “All Be Myself” (naquele estilo que consagrou Randy
Newman, Carole King e Burt Bacharach). Para quebrar o bom momento temos o
Sidney Magal gringo Tom Jones, com a bregona “Delilah” , mas logo somos salvos
pela ótima Donna Summer executando ao
vivo a jóia esculpida pelo Moroder: “Love To Love You Baby” salva a parada.
Já quase no fim temos os desconhecidos (para mim) England
& John Ford Coley executando “I’d Really Love To See You Tonight” uma
balada meio gospel e Janis Ian com “At Seventeen”.
Fechando tudo isso Ray Charles, de novo, mandando ver e
balançando o corpo de forma irritante enquanto toca piano, em “Georgia On My
Mind” .
Se algum dia estes DVDs aparecerem nas Lojas Americanas nem
pense duas vezes...
Um bom caleidoscópio do mainstream americano da época !
***Bom
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