sábado, 19 de abril de 2014

MP3 FAST REVIEWS – CD 220

Aldemaro Romero – Onda Nueva Instrumental (1976)
Romero é uma espécie de Tom Jobim venezuelano. Pianista, compositor, arranjador e maestro é o criador da “Nueva Onda”, uma fusão do joropo, com salsa e bossa nova. Em 1979 Romero fundou a Orquestra Filarmônica de Caracas e anos depois conduziu a Orquestra Sinfônica de Londres. “Onda Nova Instrumental”, de 1976, um dos seus mais consistentes trabalhos, traz bateria envolvente e deliciosa, muita flauta e cordas delicadas no estilo bossa nova. Uma pepita instrumental com a marca latina.

Bobbi Bobbi Humphrey – Black and Blues (1973)
Há uns 2 anos atrás quando telefonei para o Rodrigo da Phono 70, na intenção de encomendar uns CDs e beber um pouco de sua sabedoria musical, pedi umas dicas de jazz-funk. Após acertar a remessa de uma leva de pianistas e contrabaixistas dos anos 1970, eis que descubro no lote um extraordinário disco de jazz de Bobbi Humphrey. Achei que se tratava de um homem e para minha surpresa descobri que o magrelo de camiseta preta era uma flautista. “Black and Blues”, da primeira metade da década de 1970, tem produção dos Mizell Brothers, seis faixas longas de jazz fusion virtuoso e uma esplendida “Harlem River Drive” cujo os 7 minutos de quebradeira jazz te tira do corpo  provocando uma espécie de projeção astral. Lindo. Selo Blue Note.

Cerrone – In Concert in Paris (1979) /Cerrone feat. Nile Rodgers – The Only One (198?) 
Jean-Marc Cerrone é um produtor , compositor e músico francês da disco music perdendo apenas para Giorgio Moroder em importância quando o assunto é eurodisco. Grande maioria dos artistas da disco que ainda estavam ativos no final dos anos 1970 nunca arriscaram gravações ao vivo e mesmo combos de excelência funk como Kool and The Gang e Earth, Wind & Fire não possuem muitos registros de seus shows. “In Concert in Paris” é, como o próprio nome entrega, uma apresentação onde Cerrone prova que atrás da casca de falsa futilidade de artista do gênero repousava um artesão da composição e um mestre do ritmo. A coisa é tão interessante, que durante uns momentos você parece estar ouvindo uma afiada banda de rock. Já “Cerrone feat. Nile Rodgers” é um bootleg mal gravado e com som abafado que registra o encontro dele com o ex-Chic.

Jack McDuff – Magnetic Feel (1975)
Maestro, organista e bandleader norte-americano, McDuff é um dos mais inteligentes e originais pianistas do jazz-funk. Capaz de extrair fraseados contagiantes de seu Hammond B-3 ele incorpora neste “Magnetic Feel” a influência dos Mizell Brothers em “Sophisticated Funk”,uma incendiária orgia rítmica  e desfila Moogs, pianos elétricos e teclados diversos num verdadeiro laboratório do professor Pardal onde os inventos estão à serviço do funk. Participação de George Benson na guitarra, Grady Tate na bateria e Ray Mantilla nas congas.

Jennifer Lopez – Como Ama Una Mujer (2007)
Provando que o casamento pode mudar uma pessoa, Jennifer Lopez desde que juntou escovas com o superstar da salsa Marc Anthony foi se afastando do mundo do hip-hop, suavizando sua exuberante sexualidade e diminuindo sua aparição nos tablóides de fofocas. Este inesperado “Como Ama Una Mujer” , em que pese o defeito das canções se parecerem muito entre si , tem o mérito de trazer uma J-Lo transbordando de paixão. Avessos às baladas chorosas devem manter certa distância do disco. O mesmo não tem a combustão pop e a modernidade exata e ousada de cantoras como Shakira mas é um passo além da Jennifer popozuda rebolando sobre scratches de DJs de qualidade duvidosa...

Manu Dibango – Afrovision (1976)
O saxofonista camaronês Manu Dibango é ao lado do nigeriano Fela Kuti o principal músico do continente dos anos 1970. “Afrovision” continua do ponto em que “Soul Makossa” parou, ou seja: um blend de vocais a capella, percussão possessa, teclados gelados e muito instrumento de sopro. A principal qualidade de Dibango é sua constante fusão de música africana com estilos do pop e do jazz resultando em um som dançante, étnico e de corte incomum. Fique com o safári estiloso de “Big Blow”, “Aloka Party” e “Bayam Sell’am” as melhores canções do álbum.

Jean Claude Vannier – Le Enfant Assassin Des Mouches (1971)
Produtor, cantor, músico e compositor francês Jean Claude Vannier exerceu uma forte influencia em Serge Gainsbourg, seu compatriota mais famoso. Catapultado nos últimos anos ao segredo mais bem guardado entre os modernos de plantão, Vannier teve seu disco fetiche “Le Enfant...” surpreendentemente executado em noites de raves em Ibiza e casas de estética lounge em Londres e Roma. Este empurrão inesperado fez as pessoas se interessarem em descobrir que “Historie de Melody Nelson” não era apenas fruto do gênio de Gainsbourg. Gravado em 1971, este álbum é um “tour-de-force” que elenca psicodelia, jazz, funk e experimentos avant-garde num disco ao mesmo tempo universal e irrotulável. Tesouro descoberto pelos novos arqueólogos do mundo virtual.


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