MP3 FAST REVIEWS – CD 220
Aldemaro Romero – Onda Nueva Instrumental (1976)
Romero é uma espécie de Tom Jobim venezuelano. Pianista,
compositor, arranjador e maestro é o criador da “Nueva Onda”, uma fusão do
joropo, com salsa e bossa nova. Em 1979 Romero fundou a Orquestra Filarmônica
de Caracas e anos depois conduziu a Orquestra Sinfônica de Londres. “Onda Nova
Instrumental”, de 1976, um dos seus mais consistentes trabalhos, traz bateria
envolvente e deliciosa, muita flauta e cordas delicadas no estilo bossa nova.
Uma pepita instrumental com a marca latina.
Bobbi Bobbi
Humphrey – Black and Blues (1973)
Há uns 2 anos atrás quando telefonei para o Rodrigo da Phono
70, na intenção de encomendar uns CDs e beber um pouco de sua sabedoria musical,
pedi umas dicas de jazz-funk. Após acertar a remessa de uma leva de pianistas e
contrabaixistas dos anos 1970, eis que descubro no lote um extraordinário disco
de jazz de Bobbi Humphrey. Achei que se tratava de um homem e para minha
surpresa descobri que o magrelo de camiseta preta era uma flautista. “Black and
Blues”, da primeira metade da década de 1970, tem produção dos Mizell Brothers,
seis faixas longas de jazz fusion virtuoso e uma esplendida “Harlem River
Drive” cujo os 7 minutos de quebradeira jazz te tira do corpo provocando uma espécie de projeção astral. Lindo. Selo Blue Note.
Cerrone – In Concert in Paris (1979) /Cerrone feat. Nile
Rodgers – The Only One (198?)
Jean-Marc Cerrone é um produtor , compositor e músico
francês da disco music perdendo apenas para Giorgio Moroder em importância
quando o assunto é eurodisco. Grande maioria dos artistas da disco que ainda
estavam ativos no final dos anos 1970 nunca arriscaram gravações ao vivo e
mesmo combos de excelência funk como Kool and The Gang e Earth, Wind & Fire
não possuem muitos registros de seus shows. “In Concert in Paris” é, como o
próprio nome entrega, uma apresentação onde Cerrone prova que atrás da casca de
falsa futilidade de artista do gênero repousava um artesão da composição e um
mestre do ritmo. A coisa é tão interessante, que durante uns momentos você
parece estar ouvindo uma afiada banda de rock. Já “Cerrone feat. Nile Rodgers”
é um bootleg mal gravado e com som abafado que registra o encontro dele com o
ex-Chic.
Jack McDuff
– Magnetic Feel (1975)
Maestro, organista e bandleader norte-americano, McDuff é um
dos mais inteligentes e originais pianistas do jazz-funk. Capaz de extrair
fraseados contagiantes de seu Hammond B-3 ele incorpora neste “Magnetic Feel” a
influência dos Mizell Brothers em “Sophisticated Funk”,uma incendiária orgia
rítmica e desfila Moogs, pianos
elétricos e teclados diversos num verdadeiro laboratório do professor Pardal
onde os inventos estão à serviço do funk. Participação de George Benson na
guitarra, Grady Tate na bateria e Ray Mantilla nas congas.
Jennifer Lopez – Como Ama Una Mujer (2007)
Provando que o casamento pode mudar uma pessoa, Jennifer
Lopez desde que juntou escovas com o superstar da salsa Marc Anthony foi se
afastando do mundo do hip-hop, suavizando sua exuberante sexualidade e
diminuindo sua aparição nos tablóides de fofocas. Este inesperado “Como Ama Una
Mujer” , em que pese o defeito das canções se parecerem muito entre si , tem o
mérito de trazer uma J-Lo transbordando de paixão. Avessos às baladas chorosas
devem manter certa distância do disco. O mesmo não tem a combustão pop e a
modernidade exata e ousada de cantoras como Shakira mas é um passo além da
Jennifer popozuda rebolando sobre scratches de DJs de qualidade duvidosa...
Manu Dibango – Afrovision (1976)
O saxofonista camaronês Manu Dibango é ao lado do nigeriano
Fela Kuti o principal músico do continente dos anos 1970. “Afrovision” continua
do ponto em que “Soul Makossa” parou, ou seja: um blend de vocais a capella,
percussão possessa, teclados gelados e muito instrumento de sopro. A principal
qualidade de Dibango é sua constante fusão de música africana com estilos do
pop e do jazz resultando em um som dançante, étnico e de corte incomum. Fique
com o safári estiloso de “Big Blow”, “Aloka Party” e “Bayam Sell’am” as
melhores canções do álbum.
Jean Claude Vannier – Le Enfant Assassin
Des Mouches (1971)
Produtor, cantor, músico e compositor francês Jean Claude
Vannier exerceu uma forte influencia em Serge Gainsbourg, seu compatriota mais
famoso. Catapultado nos últimos anos ao segredo mais bem guardado entre os
modernos de plantão, Vannier teve seu disco fetiche “Le Enfant...”
surpreendentemente executado em noites de raves em Ibiza e casas de estética
lounge em Londres e Roma. Este empurrão inesperado fez as pessoas se
interessarem em descobrir que “Historie de Melody Nelson” não era apenas fruto
do gênio de Gainsbourg. Gravado em 1971, este álbum é um “tour-de-force” que
elenca psicodelia, jazz, funk e experimentos avant-garde num disco ao mesmo
tempo universal e irrotulável. Tesouro descoberto pelos novos arqueólogos do
mundo virtual.
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