sexta-feira, 18 de abril de 2014

Como é Boa Nossa Empregada
Brasil (1973)
Direção: Victor di Mello e Ismar Porto
Elenco: Pedro Paulo Rangel, Edson Silva, Urbano Lóes, Stepan Nercessian,
José Lewgoy, Carlo Mossy ,Jorge Dória, Neusa Amaral e Meiry Vieira
Um clássico dos clássicos. Perfeita amostra do que foi a pornochanchada brasileira, “Como é Boa Nossa Empregada” divide em três episódios a mesma história de sedução, proibição e paixão entre patrões e empregadas.
Com um leve machismo e bom humor a toda prova temos aqui o filme que levou em 1973-1974 mais de oito milhões de espectadores ao cinema. Todos queriam pagar para ver as travessuras de Lula , um jovem nerd (Pedro Paulo Rangel em atuação brilhante), sedento para conseguir admirar a nudez da nova empregada. Decide que não morre sem antes vê-la sem roupa.
Então começa a valer de tudo: lunetas, telescópios, espelhos e até engenhocas e traquitanas como uma cadeira voadora. Tudo para vislumbrar o corpo proibido da morena cheia de ginga.

No segundo episódio “O Terror das Empregadas” , um jovem virgem e completamente inexperiente nos assuntos sexuais, Stepan Nercessian novinho, e com visual do “Coalhada” do Chico Anísio, se envolve com todas as empregadas que entram em sua casa. Decide perseguilas nos corredores, se esconde no banheiro, debaixo da cama, vale tudo por alguns minutos de prazer. Muita zoeira em comédia pastelão. O terceiro e principal dos três episódios é “O Melhor da Festa”. Aqui temos os incontestáveis Carlo Mossy e Jorge Dória destruindo as estruturas do que se convencionou chamar de humorismo brasileiro.
Na trama, o Mossy é funcionário de confiança do Jorge Dória que não sabe que este lhe engana com sua esposa; a mulher do Dória para não ser descoberta começa a bancar a ciumenta e isso vai cansando e castrando o marido. Para dar um fim nessa situação o patrão-corno decide trair a esposa com a nova empregada (uma mulata tipo exportação). Claro que com tanta safadeza é preciso muito malabarismo para a casa não cair, o que inevitavelmente acontece.
Não conto o final para não estragar a surpresa, mas adianto que tem muito DKW, Opalas, escritórios com divisórias de eucatex, cacharrel, calça boca-de-sino, perucas, costeletas, tubaínas, sambão-jóia e tudo que décadas depois constituiu figurino e cenário para os malucos Hermes e Renato.
O filme ficou 30 semanas em cartaz e cristalizou um momento em que toda a barra dos anos 70 (a censura, ditadura, terceiro-mundismo) era rebatida pelo verdadeiro cinema brasileiro. Um antídoto de reduz a pó os calabares, lamarcas e outras politicagens de quem não entendia nada. Humor e picardia de um tempo que não volta mais.
Nunca tive empregada. Será que não sou tão classe média assim ?

*****Ótimo

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