sexta-feira, 18 de abril de 2014

As Aventuras Amorosas de Um Padeiro
Brasil (1975)
Direção: Waldir Onofre
Elenco:Paulo César Pereio(Padeiro), Maria do Rosário (Rita),Haroldo de Oliveira, Ivan Setta, Procópio Mariano e Rafael de Carvalho
Provavelmente a melhor atuação da carreira de Paulo César Pereio, “As Aventuras Amorosas de Um Padeiro” é um caso curioso de filme que o tempo varreu para debaixo do tapete mas que resiste facilmente a um segundo olhar.Esta comédia finíssima ambientada nos subúrbios do Rio de Janeiro conta a história do triângulo amoroso entre Rita e Mário recém casados e o padeiro português Marquês (o Pereio com barba enorme de ZZ Top). Mário é o típico classe média ascendente que se destaca como gerente de uma concessionária de automóveis ganhando simpatia, e promoção,do patrão. Como quer fazer um bom “pé de meia” ele é 100% trabalho e não dá muita atenção para Rita, sua noiva.

Mas o que o esforçado Mário não sabe é que sua mulher, uma doida ninfomaníaca que só pensa em sexo o tempo todo, está sendo influenciada por amigas mais velhas que estão lhe aconselhando a arrumar um amante para não cair na monotonia do casamento.
Até aí normal, mas a casadinha fica se insinuando para o portuga da padaria (o Pereio) que, como tem muito dinheiro, está sempre rodeado por uma corte de puxas-sacos. Ela fica naquele joguinho feminino do morte e assopra, dá e não dá. Isso vai deixando o lusitano maluco.
Decidido a faturá-la de qualquer maneira ele arma uma tocaia e... (olha a palhaçada) lhe oferece uma grapete. Ver a cara e o sotaque do Pereio dizendo “ó morena bebes comigo uma grapete ?” já é de chorar de rir. Ela cede e vai até a casa do padeiro para tomar mais um refri. Acontece que o Pereio era um picaretaço e chamou um colega para ficar escondido no armário para fotografar a Ritinha pelada. Após uma certa enrolação o português dá uns beijinhos e tira a roupa da gostosa. Ela escapa e aí o dono da padaria decide que encontrou o amor se sua vida e começa a persegui-la.
No dia seguinte o amigo fotógrafo fez uma porrada de cópias do padeiro com a moça no sofá e, camarada, acaba socializando as fotos com a galera... No momento em que a padaria inteira, menos o Pereio que foi atrás da Ritinha, estava admirando as fotos, quem aparece por lá para tomar uma breja ?

Exatamente. O marido corno. Após se certificar da traição, o Mário toma todo o estoque de cachaça do local e chega em casa mamado. Sua esposa, que acabava de voltar de uma consulta ao médico, informa que está grávida. Ele magoado a manda para a ponte que caiu e ela foge de casa humilhada e revoltada. Grita que vai abortar.
Agora, o Mário, que além dos chifres está com complexo de culpa, decide que a criança tem que nascer de toda forma e procura um advogado. Só que neste momento o Pereio teve a mesma idéia e agora: Pereio, marido traído e advogado fanfarrão decidem que somente um flagrante de adultério serviria como motivo para reivindicar a futura criança. Saem ao encalço da Rita. Um dos ajudantes do padeiro descobre que a moça está numa cabana com um negro que conheceu na praia. Lá na cabana, o rapaz conquista a moça com lábia de vendedor e começa a dar uns beijinhos na fogosa.
Chega o elenco inteiro do filme: Pereio e amigos, marido corno, amigas de colégio, passistas de escola de samba que ensaiavam por lá, moleques de um time de futebol, cachorros, vendedores de pipoca e quando a casa inteira estava cercada, os dois pombinhos, que estavam fazendo o que não deviam, escutam toda a confusão. Mas o negro era uma espécie de David Copperfield da malandragem e quando o advogado chuta a porta para anunciar o flagrante (detalhe: uma fanfarra tocava lá fora, a traição virara motivo de celebração na comunidade) eis que o rapaz surge com a camisa do Flamengo e um manto preto, fumando um cachimbo e fazendo pose de pai-de-santo. O advogado se borra todo de medo, dobra o joelho e pede à benção ao espírito do preto- velho. Percebendo que caíram na sua conversa mole o negão invoca a presença de mais algumas entidades e a Ritinha, que estava pelada, se enrola num lençol imitando pomba-gira. A cena surpreende a multidão e em segundos todos estão em transe coletivo. O “santo” baixou na multidão que estava lá fora. Apitos, réco-réco, cuíca e agogô. Sobem os letreiros.
Um assombro ! Da linha ver para crer !

Momento especial: A participação do obscuro mas genial Cry-Babies (gravou um único álbum raríssimo que o Rodrigo da Phono 70 gravou para mim em CDR) que executa a canção “J’Taime Moi non Plus” de maneira instrumental, na praia, em cima de umas rochas, com aqueles tecladinhos tipo Lafayette...

*****Ótimo

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