As Aventuras Amorosas de Um Padeiro
Brasil (1975)
Direção: Waldir Onofre
Elenco:Paulo César Pereio(Padeiro), Maria do Rosário
(Rita),Haroldo de Oliveira, Ivan Setta, Procópio Mariano e Rafael de Carvalho
Provavelmente a melhor atuação da carreira de Paulo César
Pereio, “As Aventuras Amorosas de Um Padeiro” é um caso curioso de filme que o
tempo varreu para debaixo do tapete mas que resiste facilmente a um segundo
olhar.Esta comédia finíssima ambientada nos subúrbios do Rio de Janeiro conta a
história do triângulo amoroso entre Rita e Mário recém casados e o padeiro
português Marquês (o Pereio com barba enorme de ZZ Top). Mário é o típico
classe média ascendente que se destaca como gerente de uma concessionária de
automóveis ganhando simpatia, e promoção,do patrão. Como quer fazer um bom “pé
de meia” ele é 100% trabalho e não dá muita atenção para Rita, sua noiva.
Mas o que o esforçado Mário não sabe é que sua mulher, uma
doida ninfomaníaca que só pensa em sexo o tempo todo, está sendo influenciada
por amigas mais velhas que estão lhe aconselhando a arrumar um amante para não
cair na monotonia do casamento.
Até aí normal, mas a casadinha fica se insinuando para o
portuga da padaria (o Pereio) que, como tem muito dinheiro, está sempre rodeado
por uma corte de puxas-sacos. Ela fica naquele joguinho feminino do morte e
assopra, dá e não dá. Isso vai deixando o lusitano maluco.
Decidido a faturá-la de qualquer maneira ele arma uma tocaia
e... (olha a palhaçada) lhe oferece uma grapete. Ver a cara e o sotaque do
Pereio dizendo “ó morena bebes comigo uma grapete ?” já é de chorar de rir. Ela
cede e vai até a casa do padeiro para tomar mais um refri. Acontece que o Pereio
era um picaretaço e chamou um colega para ficar escondido no armário para
fotografar a Ritinha pelada. Após uma certa enrolação o português dá uns
beijinhos e tira a roupa da gostosa. Ela escapa e aí o dono da padaria decide
que encontrou o amor se sua vida e começa a persegui-la.
No dia seguinte o amigo fotógrafo fez uma porrada de cópias
do padeiro com a moça no sofá e, camarada, acaba socializando as fotos com a
galera... No momento em que a padaria inteira, menos o Pereio que foi atrás da
Ritinha, estava admirando as fotos, quem aparece por lá para tomar uma breja ?
Exatamente. O marido corno. Após se certificar da traição, o
Mário toma todo o estoque de cachaça do local e chega em casa mamado. Sua
esposa, que acabava de voltar de uma consulta ao médico, informa que está
grávida. Ele magoado a manda para a ponte que caiu e ela foge de casa humilhada
e revoltada. Grita que vai abortar.
Agora, o Mário, que além dos chifres está com complexo de
culpa, decide que a criança tem que nascer de toda forma e procura um advogado.
Só que neste momento o Pereio teve a mesma idéia e agora: Pereio, marido traído
e advogado fanfarrão decidem que somente um flagrante de adultério serviria
como motivo para reivindicar a futura criança. Saem ao encalço da Rita. Um dos
ajudantes do padeiro descobre que a moça está numa cabana com um negro que
conheceu na praia. Lá na cabana, o rapaz conquista a moça com lábia de vendedor
e começa a dar uns beijinhos na fogosa.
Chega o elenco inteiro do filme: Pereio e amigos, marido
corno, amigas de colégio, passistas de escola de samba que ensaiavam por lá,
moleques de um time de futebol, cachorros, vendedores de pipoca e quando a casa
inteira estava cercada, os dois pombinhos, que estavam fazendo o que não
deviam, escutam toda a confusão. Mas o negro era uma espécie de David
Copperfield da malandragem e quando o advogado chuta a porta para anunciar o
flagrante (detalhe: uma fanfarra tocava lá fora, a traição virara motivo de
celebração na comunidade) eis que o rapaz surge com a camisa do Flamengo e um
manto preto, fumando um cachimbo e fazendo pose de pai-de-santo. O advogado se
borra todo de medo, dobra o joelho e pede à benção ao espírito do preto- velho.
Percebendo que caíram na sua conversa mole o negão invoca a presença de mais
algumas entidades e a Ritinha, que estava pelada, se enrola num lençol imitando
pomba-gira. A cena surpreende a multidão e em segundos todos estão em transe
coletivo. O “santo” baixou na multidão que estava lá fora. Apitos, réco-réco,
cuíca e agogô. Sobem os letreiros.
Um assombro ! Da linha ver para crer !
Momento especial: A participação do obscuro mas genial
Cry-Babies (gravou um único álbum raríssimo que o Rodrigo da Phono 70 gravou
para mim em CDR) que executa a canção “J’Taime Moi non Plus” de maneira
instrumental, na praia, em cima de umas rochas, com aqueles tecladinhos tipo
Lafayette...
*****Ótimo
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