segunda-feira, 28 de abril de 2014

rápido&rasteiro&rápido&rasteiro
Tampas de caneta, clipes, farelo de borracha, papel rasgado, imã de pizzaria, marcador de livro, extrato bancário, envelope de DVD-R, contas de telefone, números de telefone não sei de quem,cartão de lan house, poeminha ganhado de estátua-viva, caneta, embalagem de mini-pokemon, cartão de natal de 2010 com o rosto da Geise Arruda, plásticos para papel A-4, convite para feira de anime, manual de instrução de placa-mãe, pen-drive com defeito, tachinhas, cabo usb de impressora, recortes de jornais que eu ia escanear mas não vou mais, santinho com oração a Santo Expedito, folder da semana de geografia da faculdade, foto da Monique Evans, mouse pad, figurinhas autocolantes da disney stars, régua, giz-de-cera, controle remoto sem pilha, recibos de jogos da mega sena, boletos de compras na estante virtual, parafusinho desconhecido. Chegou a hora da limpeza anual das gavetas... # E o Will.I.Am, do Black Eyed Peas, cancelou sua participação no show da virada em Copacabana por não aceitar transmissão ao vivo pela TV. Está certíssimo. Vai que o filmam ao lado do Carlinhos Brown...# "Claudia Leitte, Jennifer Lopez e Pitbull cantarão juntos música tema da Copa". Não que isso seja uma boa notícia, é terrível, mas pelo menos escapamos do Skank...# Decisões para 2014: camiseta só GG, coca-cola só de garrafa de vidro, mais funk menos rock nacional, cabelo na altura do ombro, acordar mais cedo para pôr a leitura em dia, convidar a moça do café para tomar café lá em casa...# Não acho que o jornalismo morreu, o que ocorre é uma visão distorcida ou parcial do que vem a ser jornalismo. Por exemplo, existe quase um consenso que chancela: "ser jornalista é ser repórter". Não é só isso. A reportagem é uma parte importante da produção jornalística, usei a palavra produção porque não podemos esquecer que a coisa toda visa o lucro e é, em uma instância, uma mercadoria..., mas o biógrafo, o redator, o arquivista e o fotógrafo são tão importante quanto o primeiro. De nada adianta uma reportagem - que pode conter dezenas de fatos mal apurados - impressa de qualquer jeito. A contextualização histórica, a boa imagem e o texto bem escrito completam e em muitos casos até superam a própria notícia # As pessoas mais brilhantes e inteligentes que conheci eram jornalistas. As mais medíocres e burras também # E no último capítulo de Amor à Vida: Aline cospe no prato que à comeu...# Tem como pedir para o Zuckeberg inserir a opção saco de vômito nas postagens do face ?impressionante...Neguinho defende bandido, acha bacana depredação em shopping, apóia balburdia de toda a espécie, fala mal de autores e livros que não leu, gosta de rock nacional e acha bonito o uso de drogas. Mas quando o assunto é a prisão dos mensaleiros e as cagadas do atual governo, não dá um pio # Hoje meu falecido pai faria aniversário. Recuperei o livro “O Mundo em que Vivemos”, que colecionamos juntos e que marcou minha infância. Lembro do seu sorriso de satisfação quando completamos os fascículos da Abril e mandamos o jornaleiro encardernar essa belezinha. No dia do seu aniversário quem ganha o presente, mais uma vez, sou eu # Caminhando pela digníssima Cel.Oliveira Lima ouço, na minha frente, dois rapazes conversando aos berros: Sobe o gás daquele maluco ! Ele vai ver, a chapa vai esquentar ! Sobre o que estariam falando ? Mistério. Mas não parecia ser sobre cozinhas ou lanches# Vendo a entrevista do Ronnie Von com Ney Matogrosso, chego à conclusão que ainda há vida inteligente na TV brasileira. Ô coisa linda...# Roteiro de mini-férias: Patópolis, Gansópolis, Bairro do Limoeiro, Mata da Turma do Fundão, Asgard, Gotham City, Pequenópolis, Smallville, Latvéria, Sucupira, Springfield, Twin Peaks, Shangrilá,Terramédia, Fenda do Biquini, Nova Nova York, Neo-Tokyo, Bedrock e Townsville. Tudo sem sair do quarto...# Sonho de consumo para o Natal 2013: A Supergirl, em tamanho natural, embalada para presente...# O São Paulo foi campeão novamente ? OK Jarbas, traz mais um martini aqui pra beira da piscina !# Assisti dois capítulos de "Salve Jorge" a novela da Glória Perez. De cinco em cinco minutos toca a música nova do Roberto Carlos; uma cafonice sem tamanho. O rei faz o que sempre fez: joga as rosas para a platéia, retoma aquele romantismo carregado, sincero, esculpido e nos brinda com uma canção como só ele é capaz. Não haverá nunca um passo evolutivo na chamada MPB (Jesus isso ainda existe ?...) se o rei não continuar assim, fazendo bem o que sempre fez. O nome disso é REFERÊNCIA. Você pode até achar o gosto médio meio insuportável mas ele é a chave de toda invenção# "Vigarista Jorge", de Jorge Mautner. Dispensa apresentações. Exemplar autografado pelo filho do Kaos. Primeira edição de 1965 pela editora Von Schmidt. Preço R$ 3,00 !!!!# "Ácido Paulistânico" de Oswhaldo Rosa. Livro de poemas. Achei a capa interessante, mas, confesso, não tenho a menor idéia de quem é este autor...#"Projeto Evacuação Mundial", Ergom. Doideira escrita (?) por um ser de outro planeta , o comandante da L.I.V.R.E. - Legião Intergaláctica dos Voluntários Reais Espaciais".Na verdade um libelo ecológico e apocalíptico sobre os fins dos tempos. Vai para a prateleira de ficção científica...# Dou uma carona para minha amiga Daniela e percebo um cara fantasiado de palhaço se aproximando do meu carro. O palhaço vem equilibrando uma caixa de drops. Se aproxima do veículo. O diálogo que vem a seguir é impagável:
-Aí Brad Pitt compra uma balinha para a Juliana Paes aí do seu lado ! Quando eu ia ponderar o sinal ficou verde. Salvo pela engenharia de tráfego!!# E agora, com a Marta Suplicy como nova ministra da Cultura, a conjugação exata do verbo fica: eu relaxo, tu relaxas, ela goza.# Não ligue para o que dizem a seu respeito, o importante é o que sussurram.# Uma coisa é certa:- Daqui ninguém sai vivo !# Putz... Novelista viaja... Nina tranca o Max no porão do barco (qual o antônimo de convés ?), tranca a porta com um garfo, pula da embarcação, quebra os 200 metros nado livre, chega na mansão do Tufão, se espreita pelos cômodos da casa sem ninguém perceber, devolve as jóias da Carminha, faz cara de paisagem quando duvidam dela e ainda desmascara a farsa da patroa-vilã.  E eu me sentindo culpado por ler tanto gibi...# Eliana vestida para matar no Troféu Imprensa.# Estou fora de mim. Volto amanhã.


Língua e Preconceito
Já foi dito que a riqueza de um povo está na qualidade da literatura que ele produz. Desde o nosso nascimento, passando pela pré-escola, ensino fundamental e vida universitária, nos ensinaram que a elegância e beleza da nossa língua (a norma culta) se devia ao uso correto e harmonizado do que entendemos como gramática.
De Camões a Machado, de Paulo Coelho ao mais recente sucesso literário descoberto pela crítica, sempre aplaudimos todos que tenham inovado, resgatado formas esquecidas ou se destacado no mundo das letras. Nesse clube onde só existem vencedores aprendemos a elevar e cultuar o método das academias, prêmios e cânones. O intuito é claro: louvar e perpetuar não a beleza de uma obra literária, mas o modus operandi vigente de produção e categorização dos textos .
O que não vemos, ou fingimos não enxergar, é a verdadeira legião de escritores, prosadores, repentistas, cordelistas, humoristas, cantores, pastores, poetas e dezenas de outros operários da palavra que diuturnamente produzem histórias recheadas com tudo que preenche a alma de um povo. Esse pessoal, que na maioria das vezes, não possui qualificação acadêmica e que, em muitos casos mal frequentou a escola, é acusado de produzir sub-literatura. Para esses desvalidos o prêmio é de consolação. 
Na luta cotidiana, que transforma o homem moderno em máquina de ganhar dinheiro, ficou estabelecido que pobres são também burros e certamente bárbaros. Nós que (in)conscientemente reproduzimos esses preconceitos estamos colaborando para uma divisão nociva que traz efeito devastador para nossa cultura.
Faz se urgente perceber que toda vez que rimos, desprezamos ou não levamos em conta o "erro gramatical", estamos perpetuando um revanchismo intelectual e estético que não apenas nos afasta de nossos irmãos, mas também ajuda a erigir aquele muro , cada vez maior, que é o próprio símbolo da nossa, cada vez mais presente, violência cotidiana. Textos literários não devem ser usados para ensinar valores morais e gramaticais.

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Ronaldo
abandonou a carreira de jogador de futebol. O craque, que ganhou praticamente sozinho a Copa do Mundo de 2002, estava já em acentuado declinio e por mais doloroso para ele, e para nós que sempre nos acostumamos a vê-lo balançando as redes , foi a melhor decisão. Nos últimos anos defendeu o Corinthians e alternou momentos incríveis (gol de cabeça na estréia contra o Palmeiras) com outros ridículos (cobrança de falta mandando a bola para a lua contra o Tolima). No saldo final dez a zero para o Fenômeno. Muitas vezes na vida, decidir deixar de fazer algo que se gosta não deveria ser encarado como morte, derrota ou decadência, mas como um novo recomeço. Caímos apenas para aprender como se  levantar. Simples assim.
Tudo que não é sólido se desmancha no ar
Radiohead
The Kings Of Limbs
Ao longo da existência deste blog me dei ao trabalho de relatar vários insultos ao bom gosto e suportei o desrespeito ao mínimo de decoro artístico, mas esse caso é grave. Estou falando de um baluarte amado por 9 entre 10 hipsters de plantão: a banda do “poeta” sensível, militante ecológico, defensor do download e das redes sociais, político e pastor (rei dos membros) da nova ordem roqueira: Mr. Thom Yorke.
Estava preparado para comentar o nojo, o asco e a raiva que este álbum me causou afinal nos últimos meses foi impossível acessar internet, ouvir podcasts, assistir TV e ler revistas sem esbarrar com os cabeças de rádio fitando a gente com aquela risadinha besta estampada na cara do líder da banda. Risadinha esta que compõe uma máscara viva que resume tudo o que há de errado com a música da atualidade. Jesus, como se não bastasse Bono e Caetano onipresentes-oniscientes dominando tudo, agora tínhamos que agüentar também esses ingleses ?
Quando, de fato,com atenção ouvi a “obra em progresso” confesso que não me mexi do lugar. Fui invadido por uma sensação de nada e de vazio e nem de não gostar do disco foi possível. Não sei se foi a ausência de substancias tóxicas ou o fato de não freqüentar raves que me impediu de entende-lo melhor, o fato é que o disco sumiu. Sim desapareceu.
Mesmos discos chatos a gente se recorda de algo para falar depois, não foi o caso deste... Comecei ouvindo a “obra” com ouvidos de mercador “Bloom”, “Morning Mr. Magpie”,… e quando me dei conta já estava folheando uma revista ou lendo um texto qualquer na Internet . O reloginho do CD Player já indicava track 5. Pasmei.
- Como é que se passaram as quatro faixas anteriores (todas no volume 9) que eu havia pré-sintonizado ?

Entendi então que estava diante de um fenômeno novo. O não-disco. Explico: este “The Kings of Limbs” não deve ser encarado como um item da discografia do Radiohead mas um link sólido, um flyer, um convite para o verdadeiro trabalho da banda que são aqueles vídeos no youtube do Thom Yorke dançando. Sim meus amigos, a banda que perpetrou delicias como “The Bends” e “OK Computer” se transformou numa videocassetada do Faustão.
A Serra Pelada do livro usado
Me interesso muito por livros usados e frequento sebos desde jovem quando descobri pela primeira vez uma loja deste tipo em Santo André. Com o passar das décadas, e o advento da internet, usei, primeiro, os mecanismos de busca tipo Altavista, Yahoo, Google e depois, o Orkut, para entrar em contato com quem tinha aquela revista ou livro que desejava. Conheci o Estante Virtual na sua primeira semana de vida e fui também um dos primeiros a comprar pelo Mercado Livre. Por que estou escrevendo isso ? Apenas para retomar aquela discussão meio truncada, batidíssima, mas muito importante: o clichê "do futuro do livro". Acabo de ler que as vendas de livros eletrônicos superaram o similar em papel nos EUA. Isso merece reflexão. Junto a tudo que vem ocorrendo: séries de clássicos da literatura vendidos como coleções em bancas de jornais, reedições de livros recentes a preços populares, e desaparecimento de sebos dos seus espaços físicos (todos migraram para a internet), achei interessante, diria até necessário, compartilhar com vocês um e-mail que recebi de um tradicional livreiro do sul do país que resume de maneira definitiva a atual situação deste tipo de mercado neste momento.


Mudou tudo!A partir de meados de fevereiro de 2011 abandonamos definitivamente nossa tradicional política de preços para livros usados. Não procuramos mais o "preço justo". Não olhamos mais para o preço de capa do livro novo como referência. Desconsideramos pequenas diferenças entre edições. O que vale é o mercado!Montamos uma estrutura de "inteligência competitiva": softwares que varrem continuamente o universo livreiro, registrando os preços de todos os livros que encontram. Estes preços são tabulados e definimos nossos valores a partir daí. Nos posicionamos sempre entre os mais baratos, obrigatoriamente entre os 25% mais baratos e, na maioria da vezes, entre os 10% mais baratos. Em alguns casos, simplesmente definimos o menor preço do mercado.Acabou-se definitivamente a era romântica dos sebos. Agora, livro é commodity. Um bem produzido em escala industrial e sujeito a grandes sobras na oferta. A internet e os mecanismos de metabusca propiciaram o surgimento de milhares de "picaretas de livros", gente que vive de comercializar, geralmente de casa, pequenos acervos de origem muitas vezes duvidosa, sem pagar qualquer imposto nem respeitar qualquer tipo de legislação. Estas pessoas não são livreiros no sentido tradicional. Muitas vezes nada sabem de livros, estão neste mercado apenas porque é um mercado de fácil acesso, que, para uma pequena operação, sequer precisa de capital inicial strictu sensu. A biblioteca da vovó, o micro do papai e SHAZAN!, temos um livreiro! O fenômeno não é novo, já aconteceu em outros mercados, o eBay que o diga!Nós também demos cria, e pelo menos quatro "livreiros virtuais" já saíram daqui. Como já comentei em outras ocasiões, tivemos uma quadrilha operando em nosso depósito. Seus membros atuavam desde o cadastramento dos livros até o relacionamento com os clientes. No início, roubavam livros e vendiam para algumas livrarias "sérias" de Porto Alegre. Depois, passaram a vender pelas mecanismos de metabusca. Até que foram flagrados, a polícia bateu...e o resto está no inquérito policial. Tenho tudo documentado, o que está no inquérito e muito, muito mais. Simplesmente não vale a pena prosseguir com mais ações penais, desse mato não sai coelho, só custos. O líder do bando, apesar da ação criminal, trabalhava até recentemente numa das tais livrarias. Pura coincidência, certamente. Mas nem todos foram tão desonestos. Alguns limitaram-se a aprender os rudimentos do ofício e passaram a vender livros de casa. Um deles colabora conosco até hoje! Isso não é exatamente novidade. A antiga livraria da minha amiga "C" já dera origem a três livrarias aqui na cidade. Gente que trabalhava com ela e que, depois de algum tempo, apareceu com um belo acervo e uma lojinha. A "C", ingênua que só, nunca entendeu como estas coisa aconteceram. Além dos simples bandidos, há toda uma ecologia em torno destes sites agregadores de vendas de livros usados. De estudantes a zeladores de grandes condomínios, de professores a jornalistas, de desempregados a empresas de reciclagem, milhares viram este mercado como uma oportunidade para "descolar uns trocos", como me disse um participante. O resultado é o rebaixamento geral de preços, sinal da total falta de conhecimento e critérios por parte dos vendedores. Preços absolutamente malucos imperam. Até conseguimos fazer algumas arbitragens, comprando valiosas primeiras edições a preços irrisórios. De maneira geral, simplesmente, as margens despencaram. Começamos a ajustar nossos preços ainda em 2008, com grandes promoções. Depois veio a política de "decaimento progressivo", em que os preços de livros iam caindo na medida em que passavam mais tempo nas prateleiras. Agora, veio o "vender a mercado", expressão do mercado financeiro que significa vender ao preço onde existem compradores. No mercado financeiro são usados alguns sinônimos reveladores para "vender a mercado": socar, enfiar, pôr na boca do comprador.Agora será assim, como nas Casas Bahia: Preço Baixo Todo Dia. Além do maior, o mais barato. Para os clientes, será uma maravilha: comprar de uma empresa com credibilidade, que trata bem os livros, os entrega limpos, bem embalados, completos e com origem garantida, pagando menos do que pagaria para aquele "rapaz simpático que vende livros e outras coisas lá...". Nós só podemos fazer isso porque temos custos baixos (apesar da fieira de impostos), automação completa, grande velocidade de catalogação e capacidade de compra de grandes lotes. Tremei concorrentes ! A Guerra de Preços chegou !
Respondendo a canção "Eduardo e Mônica"
Quem um dia irá dizer
Que existe razão
Nas coisas feitas pelo coração?
E quem irá dizer
Que não existe razão?
Xi, já começa com papo cabeça. Se o próprio autor não sabe o ouvinte muito menos. Quem irá dizer ? Um psicólogo, um padre ? a Marcia Goldsmith ? uma cigana ?
Eduardo abriu os olhos, mas não quis se levantar
Ficou deitado e viu que horas eram
Certo ele. Tem hora para acordar e hora para descansar. Ele quis saber o horário, que mal há nisso ?
Enquanto Mônica tomava um conhaque no outro canto da cidade, como eles disseram
Logo de manhã manguaçando ? Vai vendo...
Eduardo e Mônica um dia se encontraram sem querer
"um dia se encontraram sem querer" ? Putz, e ainda chamam o autor de poeta ?
E conversaram muito mesmo pra tentar se conhecer
Um carinha do cursinho do Eduardo que disse
"Tem uma festa legal, e a gente quer se divertir"
O colega do Eduardo ainda tá no cursinho e já quer comemorar ? Não era melhor decorar as apostilas primeiro ?
Festa estranha, com gente esquisita
"Eu não tô legal", não agüento mais birita"
Ponto pro Eduardo. Festa de cursinho é só erva, Mercedes Sosa, poster do Che e um monte de jovem falando merda.
E a Mônica riu, e quis saber um pouco mais
Sobre o boyzinho que tentava impressionar
em vez "quis saber um pouco mais" leia "quis dar para ele".
o Eduardo, meio tonto, só pensava em ir pra casa
"É quase duas, eu vou me ferrar"
Meio tonto por quê ? Virar a madrugada na esbórnia é sinal de esperteza ?
Eduardo e Mônica trocaram telefone
Depois telefonaram e decidiram se encontrar
O Eduardo sugeriu uma lanchonete
Tava com fome e escolheu algo simples.
Mas a Mônica queria ver o filme do Godard
Olha que chatonilda, no mínimo queria bancar a intelectual que "fala línguas"...
Se encontraram então no parque da cidade
A Mônica de moto e o Eduardo de "camelo"
Ou seja, ela colaborando para a poluição sonora com aqueles escapamentos barulhentos e ele prestigiando o transporte público e ajudando a não congestionar mais a cidade.
O Eduardo achou estranho, e melhor não comentar
Mas a menina tinha tinta no cabelo
Podia ser pior. Pelo perfil da Mônica sorte não ser uma melancia no pescoço.
Eduardo e Mônica eram nada parecidos
Ela era de Leão e ele tinha dezesseis
Que raios de diferença é essa ? Ele por acaso era de escorpião e ela tinha 26 ? Signo e idade em oposição ?  Meus sais...
Ela fazia Medicina e falava alemão
Falava alemão, gostava do Godard e estudava medicina. Ou seja: uma otária com baita crise de identidade, que não sabia o que queria, mas tinha o dinheiro do papai para gastar...
E ele ainda nas aulinhas de inglês
Normal. Todo mundo precisa aprender inglês. A língua  universal.
Ela gostava do Bandeira e do Bauhaus
Van Gogh e dos Mutantes, de Caetano e de Rimbaud
Resumindo, uma mordenete completa que gostava de poesia, arquitetura e pintura. O fato de gostar do Caetano já entrega legal o bicho-grilismo da sujeita. Gosta do Rimbaud mas não largou tudo para ir para África né ? Pelo contrário estava tentando arrumar um casamento com o rapazote universitário.
E o Eduardo gostava de novela
E jogava futebol-de-botão com seu avô
Novela é paixão nacional, patrimônio brasileiro e mostra que o Eduardo não tem preconceito besta contra a cultura de massa. Jogar botão com um idoso mostra o respeito pelas gerações anteriores. Além de ser neto de um velhote maneiro.
Ela falava coisas sobre o Planalto Central
Também magia e meditação
Ela dava pitacos sobre política, misturava com Nova Era e flertava com uma macumba básica. Não me surpreenderia se também curtisse Wicca e outras merdas...
E o Eduardo ainda tava no esquema
Escola, cinema, clube, televisão
Ou seja, estava curtindo a vida. Aproveitando a juventude e deixando a pose pra lá...
E mesmo com tudo diferente, veio mesmo, de repente
Uma vontade de se ver
OK. Vá lá. As vezes os opostos se atraem mesmo.
E os dois se encontravam todo dia
E a vontade crescia, como tinha de ser
Vontade de fazer sexo né ? Não devia ser vontade de falar sobre os filmes do Godard.
Eduardo e Mônica fizeram natação, fotografia
Teatro, artesanato, e foram viajar
Fizeram teatro e artesanato ? Putz, a Mônica já estragou a cabeça do Eduardo, que apaixonadão aceitava todas as frescuras da Mônica em troca de uma trepada.
A Mônica explicava pro Eduardo
Coisas sobre o céu, a terra, a água e o ar
A Mônica falava merda e versava sobre o que não sabia  torrando a paciencia do Eduardo, que relevava pensando: OK, as mulheres falam muito mesmo...
Ele aprendeu a beber, deixou o cabelo crescer
Ou seja, a Mônica transformou ele num bebum e hippie piolhento.
E decidiu trabalhar (não!)
Não por quê ? Ia viver de mesada para sempre ?
E ela se formou no mesmo mês
Que ele passou no vestibular
O que mostra que ela era mais velha. Uma espécie de papa-anjo...
E os dois comemoraram juntos
E também brigaram juntos, muitas vezes depois
Depois de iniciado na cachaça pela Mônica, eles festejaram com pinga e bebaços brigaram muitas vezes. Afinal é impossível não brigar com uma pentelha destas...
E todo mundo diz que ele completa ela
E vice-versa, que nem feijão com arroz
Este "todo mundo" deve ser as amigas da Mônica que foram cooptadas por mapa astral e aguardente grátis.
Construíram uma casa há uns dois anos atrás
Mais ou menos quando os gêmeos vieram
Quem casa quer casa. Olha a Mônica detonando o dinheiro do Eduardo... A letra diz que o Eduardo arrumou emprego mas não fala que a Mônica também fez o mesmo. Enquanto o Eduardo ficava dando hora extra, para pagar a hipoteca, a Mônica ficava vendo o Fassbinder e pintava a unha do pé...
Batalharam grana, seguraram legal
A barra mais pesada que tiveram
Estavam sempre duros porque a Mônica gastava tudo em superfluos como bebida alcoólica e locação de filmes franceses na Blockbuster...
Eduardo e Mônica voltaram pra Brasília
E a nossa amizade dá saudade no verão
"Nossa amizade dá saudade no verão" e um chute no nosso saco.
Só que nessas férias, não vão viajar
Porque o filhinho do Eduardo tá de recuperação
Claro, com uma mãe macumbeira e que fica vendo filme ruim o dia inteiro não sobra tempo para ajudar o filho na lição de casa né ?
E quem um dia irá dizer
Que existe razão
Nas coisas feitas pelo coração?
E quem irá dizer
Que não existe razão?

Não sei , sua mãe ? seu professor de linguística ? Vá a merda Renato Russo !
Gavetinha do saber
Um pequeno guia de consumo intelectual e lazer bacana. Sete dicas de coisas com que me ocupei nestes últimos dias.
Roberto Leal - RaiçRaíz (2009)
O melhor trabalho da carreira do cantor e compositor português. Poucos artistas, após tanto tempo de estrada, podem se orgulhar de ainda manter a química com os fãs sem oferecer sempre mais do mesmo. Entre fados e canções típicas do seu país destaque para uma curiosa releitura de Vira Virou”.
Pegadinhas Picantes – Naked and Funny
O DVD não existe. Na verdade é uma compilação feita por camelôs reunindo todas as cenas do divertido programa ucraniano descoberto pelo Silvio Santos. Passou por aqui em 2009 sempre de madrugada. Chances de encontrar a Veronika Zemanova quase pelada.
Reações Psicóticas – Lester Bangs (Editora Conrad)
Lançado em 2005, é uma prova de que crítica musical pode ser arte quando exercida por pessoas apaixonadas e envolvidas com o objeto analisado. O jornalismo gonzo de Lester Bangs sobrevive até hoje, agora como literatura pop. Para fãs de Nick Hornby e rock em geral.
Poeira Zine
Na ausência de uma versão nacional da Record Collector e na impossibilidade de achar facilmente a Uncut. A revista editada pelo sempre ótimo Bento Araújo faz a lição que a Bizz sempre se recusou e que a Rolling Stone nacional se mostra incapaz: mapear o classic rock e adiantar novidades sobre “velhos conhecidos”.
Programa do Ratinho (SBT)
Nesta espécie de retorno, Carlos Massa nos brinda com menos mundo-cão e mais humor pateta. Menos mau-humor e mais mulher bonita. Detalhe para o impagável “Jornal Rational”. Markito vive novamente !
Nerdcast  – O Jovem Nerd
Rádio hoje se ouve na internet no formato podcast. Nerdcast é “apenas” o maior, melhor, mais importante e mais imitado programa do gênero. Beba do conhecimento de Alottoni, Azaghal, Tucano, JP, Eduardo Sporh e outros nerds nota 10! http://jovemnerd.ig.com.br/categoria/nerdcast/
El Rincon de Yulifero
Maravilhoso blog de links com todo o tesouro do cinema latinoamericano na sua forma mais divertida. Trashs, exploitations, wrestling, mumias astecas, Santo e Blue Demon, trovadores bigodudos e picaretagens com a marca do desconhecido cinema do nosso continente.

http://yulifero.blogspot.com/
Encontrei esta carta... 
dentro de um livro (de um lote que eu havia arrematado de um livreiro). A surpresa veio ontem quando comecei a limpar os volumes e me deparei com isso que segue abaixo…

São Paulo, 23 de maio de 1968

Ilmo. Sr.
Diretor do Stud Book Brasileiro
Em mãos

Prezado Senhor:

     Pela presente solicito de V.S., que torne sem efeito a comunicação de abôrto referente  à égua CIDADÃ, em 19 de fevereiro de 1968, uma vez que, por engano meu, este abôrto referia-se à uma égua mestiça de montaria, alojada em meu haras.
Certo de que este meu pedido tenha uma acolhida favorável por parte de V.S., subscrevo-me

                                             Atenciosamente
                                        …………………………………         

                                     -Jorge da Cunha Bueno -
B’Movies
Don Miller
Curtis Book (1973)

Um garimpo virtual me levou ao site da livraria Traça do RS onde pude encontrar esta belezinha de pocket book em papel jornal. De autoria de Don Miller, o livrinho de 360 páginas traz um apanhado dos estúdios (vários extintos) da época, dos diretores, atrizes, coadjuvantes, estrelas desconhecidas, algumas esquecidas e um estudo sobre o que é (e o estigma do chamado) “Filme B”. No miolo, 10 páginas com fotos em papel fotográfico com Dorothea Kent em “Carnival Queen” além de instantâneos de produções menores da Columbia, MGM, PRC, Monogram, etc. Preço R$ 5,00 + frete.
Antologia de Escritos Curiosos
João Evangelista
Simões Editora (1957)
Pocket, 110 páginas.

Amarrado com um barbante junto às revistinhas de literatura de cordel, arrematei esta pequena pepita chamada “Antologia de Escritos Curiosos”. João Evangelista, o autor, desfila em estilo almanaque: bilhetes de suicidas (ilustres ou não), seleciona trechos relativos ao Brasil nos “Lusíadas”, faz um perfil sobre o personagem Carlitos de Chaplin, pinça curiosidades nos diários de Goethe e no dicionário de Voltaire, elenca frases de efeitos e desconhecidas de grandes figuras da história, etc. Imperdível e reveladora a sequência de cartas entre Rui Barbosa e o presidente Rodrigues Alves onde é desvelada a figura vaidosa e soberba do  jurista baiano.
Lazarillo de Tormes
Anônimo
Editora Zaragoza (1959)
(nº 24 da coleção Clásicos Ebro) em espanhol
Este livro, também conhecido como A Vida de Lazarillo de Tormes e Suas Fortunas e Adversidades é um romance espanhol (de pouco mais de 100 páginas) datado de 1554. É uma espécie de biografia de um misterioso sujeito que vai relatando com estilo impiedoso e mordaz as mazelas da sociedade, a hipocrisia dos poderosos de sua época e a falta de rumo e esperança entre os homens. O livro, que foi proibido pela Inquisição, teve trechos retirados e nunca mais foi publicado integralmente. De acordo com a Wikipédia existem quatro primeiras edições em quatro cidades da Europa, nenhuma igual a outra. No Brasil a Ediouro publicou uma versão em 1989 em forma de livro infanto-juvenil com tradução de Marques Rebelo e ilustrações de Teixeira Mendes. O meu exemplar possui a assinatura: Janete Eva Barthkevicius, 1960 (provavelmente a antiga dona do livro).
A culpa é do técnico ! 
Dia 5 de julho de 1982. Uma data difícil de esquecer. A Seleção Brasileira voava baixo, favoritíssima à conquista da Copa do Mundo da Espanha. O time jogava tão bonito que muitos juravam ser a melhor seleção de todos os tempos, superior até ao Brasil de 1970 de Pelé, Jairzinho, Tostão e Rivelino. A conquista do título já era favas contadas. Após sequência de vitórias em duríssimos amistosos contra a Inglaterra (1 a 0), em Wembley, e Alemanha (1 a 0), no Maracanã, os canarinhos chegaram à Espanha como deuses do futebol. Logo no início, contra a União Soviética, susto: o desligado Valdir Peres não defendeu anêmico chutinho do russo colocando o Brasil em desvantagem e de certa forma antecipando a falta de sorte daquele time. Mas tínhamos Zico, Sócrates e Éder e viramos o jogo. A vitória embalou o time que partiu para uma sequência implacável de vitórias contra a Escócia (4 a 1), Nova Zelândia (4 a 0) e Argentina (3 a 1). Só restava a Itália, seleção que se classificou pelo saldo de gols e que apresentava futebol burocrático. Como dizia Drummond "tinha uma pedra no caminho" e esta pedra se chamava Paolo Rossi. Não é que o carcamano fez três gols na nossa Seleção e despachou o maior time do mundo para a casa mais cedo? Culpa do Telê que não armou o time direito e só jogava no ataque... Quatro anos depois, novo voto de confiança e nova decepção. Telê convocou quase a mesma Seleção, agora já envelhecida, que se arrastou pela competição até o azar aparecer novamente na forma de um pênalti mal cobrado pelo Zico. Vinte e oito anos depois o trauma já foi (?) superado com as conquistas das Copas de 1994 e 2002. Hoje lembramos a frase do Parreira "O gol é um detalhe" e nos convencemos que o importante "não é" competir, mas vencer sempre. Agora, na África do Sul, estamos em plena era Dunga e a grande estrela na Seleção é um goleiro o que já dá o tom da coisa toda. Ficamos cincos jogos sem tomar gol e massacramos os fraquíssimos Zimbábue e Tanzânia (nos amistosos pré-mundial) .

Contra a Holanda eu torci, vesti a camisa amarela e me prepararei para gritar gol, claro que sem aquela inocência e euforia de 1982. Os tempos são outros e a razão mostra que o pragmático Dunga teve seus motivos para fazer o time jogar assim. O time estava nervoso, vaticinou o Galvão… Só sei que independentemente dos detalhes,  a seleção não conseguiu o hexa  e sendo assim o veredito não pode ser outro: A culpa é do técnico.
Basta de Mujeres
Argentina (1977)
Direcão: Hugo Moser
Elenco: Alberto Olmedo, Susana  Giménez, Gilda Lousek, Juan Carlos  Dual, Adolfo García Grau
Alberto Olmedo tem 40 anos ( trabalha há 20 como escrivão em um humilde escritório) e vai tocando seu trabalho de forma mecânica e tranqüila quando é surpreendido por risadinhas e gargalhadas dos amigos de trabalho. Estes, convencidos galanteadores, ficam provocando e medindo o Alberto. Questionam se o colega teria coragem e capacidade em  assumir um caso fora do casamento. Como o Alberto se mostra esquivo e pouco interessado o jeito é apresenta-lo para a loiraça Susana Gimenez que estava estagiando por lá.
Todos juram de pés juntos que traem costumeiramente suas esposas, que o bacana é ter “uma amante” e que Alberto não sabe o que está perdendo... Este, cede então às pressões dos “amigos” e passa a dar uns sorrisos marotos para a loira que demora a perceber a intenção do fidalgo.
Numa dessas sessões de aproximação o aprendiz de Don Juan “erra” o alvo e passa a mão numa cliente que visitava o escritório. Tabefes e gargalhadas selam a sorte do infeliz.
Queixando se para um amigo latin-lover (que fazia muito sucesso com as mulheres) , Alberto pede uma ajuda para “consolidar um caso extraconjugal” afim de ter um pouco de sossego no escritório.
Seu amigo lhe socorre da melhor forma chamando uma dupla de belas ,uma loira e uma morena, e organiza uma festinha no seu apartamento com ares de abatedouro. Sem perder tempo o Rodolfo Valentino dos pampas se atraca com a morena de canelas grossas enquanto um medroso Alberto prefere brincar com pedras de gelo e a garrafa de uísque. Impaciente, pergunta para o garanhão “quando chegará a  sua (dele) companhia”. Momentos de expectativa, um close num par de pernas finas e elegantes, dedinhos saltando de uma sandália de salto agulha, passos lângidos descendo suavemente uma escada, um travelling pelas costas da jovem e voilá...
A loira era  Susana Gimenez colega de Alberto no escritório. Claro que isso só serviu para apimentar a situação e o rala e rola se realiza mesmo que desajeitadamente.
No dia seguinte já dá para ver o ar pimpão do Alberto-conquistador que decide manter em segredo o romance com a beleza loura. Ocorre, que o Adrian Lyne deve ter se baseado na personagem da Susana para  rodar o “Atração Fatal”, uma vez que Glenn Close ciumenta é fichinha perto da diva argentina que passa a perseguir o colega em todos os lugares. O Alberto acaba arrumando uma baita sarna para se coçar e tem que dar mil cambalhotas para explicar para a esposa os atrasos, viagens e falta de apetite (em todos os sentidos).
Quando a situação beira o impasse e uma decisão tem que ser tomada , Alberto prefere a antiga esposa e descarta a belezura. Essa já estava prevendo o possível desenlace e até que assimila bem a situação: uma vez que em nenhum momento ouve o encontro do pé com a bunda...
Cansado, aliviado, mas feliz Alberto começa uma sessão de horas extras no escritório a fim de compensar as faltas e atrasos que o tórrido caso lhe custou. Quando percebe que é o único a trabalhar por lá, vai ao encalço dos amigos e encontra uma rodinda com todos eles rindo barbaridade e confessando que o “Alberto caiu como um patinho”. O novo Casanova pergunta o que está acontecendo e é então informado que nenhum deles nunca traiu suas respectivas esposas e que o desafio era apenas uma brincadeira deles para cima do inocente desavisado. Sem perder a pose,  Alberto dá uma espanadinha no chapéu e diz com todos os dentes:
Não tens amantes ? Pois não sabem o que estão perdendo...
Comédia argentina acima da média.

**** Bom

sábado, 19 de abril de 2014

The Cure – The Head On The Door
Depois de gravar um dos álbuns mais angustiantes de 1983, “The Top”, Robert Smith resgatou novos integrantes e mudou a direção musical do The Cure. Buscando no próprio passado a leveza de composições fofinhas como “Lovecats”, a banda conseguiu neste ótimo “The Head On The Door” unir os dois mundos que criou, escuridão e cor. A partir deste disco, de 1985, o grupo viraria uma máquina de produzir hits e espalharia o conceito da dark music mundo afora. Salta aos ouvidos as canções “In Between Days” (colorido) e “Close To Me” (escuridão) que ilustram perfeitamente as preocupações de Mr.Bob naqueles anos. Ganharam a simpatia da MTV e explodiram no Brasil.

Outras canções bonitas que merecem destaque são a desesperada “A Night Like This” e a flamenca “The Blood”. Um momento de intenso brilho da geração pós punk.
MP3 FAST REVIEWS – CD 45

Miles Davis – In Sao Paulo (1974)
Bootleg (de uma apresentação nunca lançada em nenhum formato) In São Paulo registra a performance do gênio trumpetista no Festival Internacional de Jazz na primeira apresentação de Miles em SP. São apenas 4 longas músicas: “Prelude”, “Ife”, “Turnaroundphrase” e “Tune in 5” (longas jams com bateria e trumpete comandando a massa sonora). A banda era formada por Al Foster (ds), Dominique Gaumont e Reggie Lucas (gui), Dave Liebman (flu),Pete Cosey e Mtume (perc.). Para jazzófilos.

Mogwai – Happy Songs For Happy People (2003)
A banda escocesa de post-rock Mogwai vem se destacando desde 1996 pela originalidade e criatividade de sua música. A banda, que gravou o ótimo “Rock Action”, agora nos brinda com este “Happy Songs...” título que desmente o conteúdo mas impressiona com suas justaposições de piano, guitarra, percussão e fina distorção eletrônica. É uma peça de fina tapeçaria musical que transforma um instrumental simples as vezes até banal em climáticas canções de corte muito original. Destaque para a suavidade de “Kids Will Be Skeletons” a melhor faixa.

Mystic Siva – same (1971)
Lendária e perdida banda da psicodelia norte-americana, Mystic Siva certamente destruiu muitas cabeças naquela década. O quarteto formado em 1970 em Detroit criou no ano seguinte o mais procurado, disputado e raro disco de rock sessentista que até hoje é disputado a tapa nos e-bays da vida. Este álbum homônimo traz os rapazes, todos com 17 anos construindo um rock a base de guitarra fuzzy, órgãos derrapantes, vocais com ecos e bateria proto-punk . Enfim todos os tiques da psicodelia da época. Curiosidade: a terceira faixa tem o singelo nome de “Olhos Viram Me”.

Pink Floyd – Caught In The Crossfire (1977)
“Caught In The Crossfire” registra uma apresentação ao vivo do Pink Floyd em 1977 no Madison Square Garden nos EUA. São 5 músicas tocadas em 67 minutos onde os destaques são os 14 minutos de “Shine On You Crazy Diamind” (o Gilmour arregaçando naqueles solos incríveis...) e “Wish You Were Here” (Waters se derramando em lindos vocais...). Encerrando o bootleg uma faixa de 1971 “Fat Old Sun” gravada nos estúdios da BBC londrina. É Pink Floyd. E é ao vivo. Pra quê mais ?

Sarah Vaughan – I Love Brazil (1981)
Na estréia da cantora pelo selo Pablo, Sarah grava esta espécie de songbook do cancioneiro brasileiro acompanhada por um time de estrelas que tinha Milton Nascimento,Dori Caymmi e outros. Em 1981, a voz dela estava límpida e cristalina e suas performances eram lendárias. “I Love Brazil” reúne canções de Tom Jobim, Deodato, Milton Nascimento e Marcos Valle cantadas em inglês com arranjos de bossa-jazz. Lindo.

Satwa – same (1973)
Satwa é um projeto folk reunindo Lula Cortes e Lailson e que durante muito tempo ficou inédito em CD. O folk psicodélico com nuances de música nordestina instrumnetal resulta em algo absurdamente hipnotizante e pode ser considerado uma espécie de irmão gêmeo do também lendário Paebiru (de Zé Ramalho e Lula Cortes). Lailson extrai ouro numa cítara de 12 cordas e Robertinho do Recife mostra seu lado Peter Frampton queimando tudo com a potência dos seus solos. Músicas com os nomes de: “Blue do Cachorro Louco”, “Lia A Rainha da Noite” e “Valsa dos Cogumelos” entregam o “estado de espírito” no qual o disco foi gravado...

Señor Coconut – Fiesta Songs (2003)
Uwe Schmidt, continua a explorar a idéia que teve no original “El Baile Alemán” onde transformava músicas eletrônicas do Kraftwerk em salsa caribenha. Desta vez com “Fiesta Songs” a piada se repete mas não provoca o riso do trabalho anterior. De toda forma as vítimas da vez são Michael Jackson, Deep Purple, Doors e Jean Michel Jarre, que viram suas “Beat It”, “Smoke on The Water”, “Riders on The Storm” e “Oxygene pt.2” se transforamrem em zueira Latina com muita marimba, sanfona e cha-cha-cha... Algo que poderia soar vulgar não fosse a produção luxuosa com algumas intervenções eletrônicas nos momentos certos.

Tania Maria – Piquant (1980) / Taurus (1981) / Viva Brazil (2000)
Espetacular pianista e vocalista de jazz brasileira, que me foi apresentada pelo Rodrigo da Phono 70, Tania Maria elenca uma discografia pra lá de respeitável onde não há momentos medianos ou fracos. Nesta trinca de álbuns, destaque para o fabuloso “Taurus” onde “Imagine” e “Cry Me a River” são viradas do avesso sem perder seu núcleo melódico. 
“Piquant” do ano anterior traz um quinteto onde se destaca a guitarra de Eddie Duran e composições de Tom Jobim e Ivan Lins dedilhados em piano elétrico. Viva Brazil já flerta com funk, pop e rock and roll numa combustão rítmica de muito swing e agitação. Básicos.

Stimilion – same
Punk rock menor e obscuro que eu não me recordo muito bem.

The Human League
Banda inglesa de technopop dos anos 1980, fez parte da primeira leva de grupos que surgiram no balaio conhecido como new wave. Em 1981, escreveram o mega-hit “Don’t You Want Me” no DNA da história da cultura pop. Foram naqueles anos, os reis do synthpop e da música eletrônica. Entender este disco, e a trajetória do The Human League, é entender o pop rock europeu dos anos 1980. Com estética carregada de resquícios do glam, androginia pesada e um estudado ar blasé , há quem enxergue no trabalho destes ingleses de Sheffield uma filiação musical como seguidores de David Bowie.

“Dare” fez a alegria de DJs nos anos 1980 por conta de diversos remixes de “Don’t …”. Eu com 16 anos rachei o assoalho da Sunshine de tanto dançar esta canção.
MP3 FAST REVIEWS – CD 220

Aldemaro Romero – Onda Nueva Instrumental (1976)
Romero é uma espécie de Tom Jobim venezuelano. Pianista, compositor, arranjador e maestro é o criador da “Nueva Onda”, uma fusão do joropo, com salsa e bossa nova. Em 1979 Romero fundou a Orquestra Filarmônica de Caracas e anos depois conduziu a Orquestra Sinfônica de Londres. “Onda Nova Instrumental”, de 1976, um dos seus mais consistentes trabalhos, traz bateria envolvente e deliciosa, muita flauta e cordas delicadas no estilo bossa nova. Uma pepita instrumental com a marca latina.

Bobbi Bobbi Humphrey – Black and Blues (1973)
Há uns 2 anos atrás quando telefonei para o Rodrigo da Phono 70, na intenção de encomendar uns CDs e beber um pouco de sua sabedoria musical, pedi umas dicas de jazz-funk. Após acertar a remessa de uma leva de pianistas e contrabaixistas dos anos 1970, eis que descubro no lote um extraordinário disco de jazz de Bobbi Humphrey. Achei que se tratava de um homem e para minha surpresa descobri que o magrelo de camiseta preta era uma flautista. “Black and Blues”, da primeira metade da década de 1970, tem produção dos Mizell Brothers, seis faixas longas de jazz fusion virtuoso e uma esplendida “Harlem River Drive” cujo os 7 minutos de quebradeira jazz te tira do corpo  provocando uma espécie de projeção astral. Lindo. Selo Blue Note.

Cerrone – In Concert in Paris (1979) /Cerrone feat. Nile Rodgers – The Only One (198?) 
Jean-Marc Cerrone é um produtor , compositor e músico francês da disco music perdendo apenas para Giorgio Moroder em importância quando o assunto é eurodisco. Grande maioria dos artistas da disco que ainda estavam ativos no final dos anos 1970 nunca arriscaram gravações ao vivo e mesmo combos de excelência funk como Kool and The Gang e Earth, Wind & Fire não possuem muitos registros de seus shows. “In Concert in Paris” é, como o próprio nome entrega, uma apresentação onde Cerrone prova que atrás da casca de falsa futilidade de artista do gênero repousava um artesão da composição e um mestre do ritmo. A coisa é tão interessante, que durante uns momentos você parece estar ouvindo uma afiada banda de rock. Já “Cerrone feat. Nile Rodgers” é um bootleg mal gravado e com som abafado que registra o encontro dele com o ex-Chic.

Jack McDuff – Magnetic Feel (1975)
Maestro, organista e bandleader norte-americano, McDuff é um dos mais inteligentes e originais pianistas do jazz-funk. Capaz de extrair fraseados contagiantes de seu Hammond B-3 ele incorpora neste “Magnetic Feel” a influência dos Mizell Brothers em “Sophisticated Funk”,uma incendiária orgia rítmica  e desfila Moogs, pianos elétricos e teclados diversos num verdadeiro laboratório do professor Pardal onde os inventos estão à serviço do funk. Participação de George Benson na guitarra, Grady Tate na bateria e Ray Mantilla nas congas.

Jennifer Lopez – Como Ama Una Mujer (2007)
Provando que o casamento pode mudar uma pessoa, Jennifer Lopez desde que juntou escovas com o superstar da salsa Marc Anthony foi se afastando do mundo do hip-hop, suavizando sua exuberante sexualidade e diminuindo sua aparição nos tablóides de fofocas. Este inesperado “Como Ama Una Mujer” , em que pese o defeito das canções se parecerem muito entre si , tem o mérito de trazer uma J-Lo transbordando de paixão. Avessos às baladas chorosas devem manter certa distância do disco. O mesmo não tem a combustão pop e a modernidade exata e ousada de cantoras como Shakira mas é um passo além da Jennifer popozuda rebolando sobre scratches de DJs de qualidade duvidosa...

Manu Dibango – Afrovision (1976)
O saxofonista camaronês Manu Dibango é ao lado do nigeriano Fela Kuti o principal músico do continente dos anos 1970. “Afrovision” continua do ponto em que “Soul Makossa” parou, ou seja: um blend de vocais a capella, percussão possessa, teclados gelados e muito instrumento de sopro. A principal qualidade de Dibango é sua constante fusão de música africana com estilos do pop e do jazz resultando em um som dançante, étnico e de corte incomum. Fique com o safári estiloso de “Big Blow”, “Aloka Party” e “Bayam Sell’am” as melhores canções do álbum.

Jean Claude Vannier – Le Enfant Assassin Des Mouches (1971)
Produtor, cantor, músico e compositor francês Jean Claude Vannier exerceu uma forte influencia em Serge Gainsbourg, seu compatriota mais famoso. Catapultado nos últimos anos ao segredo mais bem guardado entre os modernos de plantão, Vannier teve seu disco fetiche “Le Enfant...” surpreendentemente executado em noites de raves em Ibiza e casas de estética lounge em Londres e Roma. Este empurrão inesperado fez as pessoas se interessarem em descobrir que “Historie de Melody Nelson” não era apenas fruto do gênio de Gainsbourg. Gravado em 1971, este álbum é um “tour-de-force” que elenca psicodelia, jazz, funk e experimentos avant-garde num disco ao mesmo tempo universal e irrotulável. Tesouro descoberto pelos novos arqueólogos do mundo virtual.


MP3 FAST REVIEWS – CD 33

Amon Düül II – Yeti (1970)
“Yeti” é o segundo album, duplo, do Amon Düül 2 e sua primeira obra-prima. Todos os amantes do gênero afirmam que este disco é um dos pilares do que ficou conhecido como krautrock por trazer uma sequência de faixas que vão de certa forma funcionando como um mapa de possibilidades sonoras e experimentações dentro de um estúdio (uma das principais características do rock germânico). O primeiro disco (ou os lados 1 e 2, traz um trabalho eminentemente rock, com toques de King Crimson primeira fase, onde o grande destaque são os doze minutos de “Soap Shop Rock”. O outro disco ( ou os lados 3 e 4) são materializações de improvizações jazz-rock onde violões folk encontram flautas e metais cortantes num som ao mesmo tempo lírico e contemplativo. Destaque para a bateria de “Sandoz in The Rain” considerada por muitos o nascimento do space-rock.

Black Sabbath – War Pigs (1970)
Bootleg extraído do video The Black Sabbath Story Volume 1”, “War Pigs” registra a apresentação dos rockeiros em Paris, no começo dos anos 1970, exercitando suas poucas e ótimas canções daquele início de carreira. São apenas 7 músicas: “Paranoid”, “Hand of Doom”, “Iron Man”, “Black Sabbath”, “N.I.B.”, “Behind The Wall of Sleep” e “War Pig”. Embora o audio esteja bom o mesmo não acontece com a voz de Ozzy, com umas desafinadas monstruosas. Vale pela guitarra estilosa do Tony Iommi...

Lydia Lunch – Queen of Siam (1980)
Lydia é quase uma Diamanda Galas, com um pouco menos de talento e excentricidade. De toda forma, esta poeta, performer e atriz fez parte do movimento novaiorquino apelidado de “No Wave” o que lhe garantiu seus 15 minutos de fama. “Queen of Siam”, seu melhor álbum e sua estréia, traz letras de confronto sexual, poesia escatológica e um niilismo juvenil que foi desaparecendo de seus trabalhos posteriores. Indicado apenas para fãs completistas da new-wave norte-americana.

Mad Caddies – Just One More (2003)
A crítica gringa sempre foi muito camarada com o softcore-ska pra lá de burocrático do combo de Santa Barbara. Os Mad Caddies ficam naquela fronteira do Operation Ivy com o Bad Brains soando como os piores momentos dos dois. O fato é que apuro instrumental do ska executado por eles não se encaixa em nenhum momento com a pseudo-pauleira que tentam engatar durante as canções causando no ouvinte uma estranheza desconfortável. Tem seus fãs, mas a audição só comprova que trombone só fica bacana em discos de jazz.

Mick Jagger & The Red Devils – The Famous Blues Sessions (1995)
Gravação pirata do stone brincando no estúdio e arriscando solos de violão e gaita (instrumento que Jagger domina muito bem). Assim, “The Famous...” traz covers de Elmore James, Muddy Waters, Little Walter, Sonny Boy Williamson e outros bluesman que fizeram a educação musical e moldaram o estilo do rolling stone. A gravação possui qualidade mediana mas o que vale aqui é a fera solta no estúdio gravando feliz suas canções favoritas. Nomes (para mim desconhecidos) como Dave Lee Bartel, Paul Size e Bill Bateman auxiliam Jagger na empreitada.

Rolling Stones - Brussels Affair (1973) / Jamming with Jeff Beck (1975-87)
Mais dois bootlegs, desta vez com os Stones voando baixo. “Brussels Affair” (Mick Taylor na guitarra) é uma apresentação em Bruxelas com o repertório de “Goat’s Head Soup” misturado com canções do “Sticky Fingers”. Uma longa (12 minutos) “Midnight Rambler” prova porque Jagger era o tal... “Jamming with Jeff Beck” de 1975, traz uma reunião de todos os momentos em que o virtuose colaborou com os Stones. Canções de 1975, sobras do “Black and Blue” como “Shame Shame Shame” e “Slave Jam”; um take de “Lucky in Love” faixa diferente da gravada no disco solo “She’s The Boss” (1985) do Mick Jagger e várias outras do esquecível “Primitive Cool”, de 1987, formam a colcha de retalhos.

Festa Funk  Só Putaria (Proibidão)
30 faixas de pancadões pornográficos com um bando de gente tosca assassinando a língua portuguesa numa demonstração gratuita de machismo e homofobia. A coisa até resistiria a uma única e curiosa audição não fosse algumas letras fazendo apologia ao Comando Vermelho. Aí o caldo entorna e o mau gosto vira boletim de ocorrência.

The Cars – Candy-O (1979)
O The Cars sempre foi uma banda com uma legião fiel de fãs e confesso que sempre gostei deles até nos seus piores momentos. “Candy-O”, o segundo disco, não é tão bom quanto a estréia, nem tão interessante quanto o quarto trabalho “Shake Up” (uma jóia da new wave), mas possui guitarras ótimas e composições certeiras de Ocasek. “Candy-O” deve ser visto como um ensaio para o salto que dariam nos anos seguintes. Cinco anos depois eles gravariam a balada “Drive” , talvez a melhor canção daquela década e um dos grandes momentos da música pop.


The Who
Gravado pelos ingleses do The Who em 1969, “Tommy” resume em um álbum duplo tudo o que já ouvimos falar sobre  “ópera-rock”. Fruto das pretensões literárias do guitarrista Pete Towshend, o disco é uma viagem lisérgica com toques de filosofia mod e verniz roqueiro. Este álbum catapultou os ingleses para o estrelato e influênciou a cena prog rock. “Tommy” é um  garoto que ao flagrar a mãe transando com o tio entra em estado catatônico ficando cego, surdo e mudo. Com estas incapacidades físicas ele acaba desenvolvendo o dom de jogar fliperama e vira campeão e celebridade na história relatada. Com performance vocal matadora do ótimo Roger Daltrey e bateria monstruosa de Keith Moon o álbum duplo desfila uma série de canções memoráveis como “I’m Free” (virou cover do Soup Dragon), “Pinball Wizard” (virou cover do Elton John), “We’re Not Gonna Take It” e “The Acid Queen”. Retrato da megalomania  roqueira ou exercício de auto-indulgência, o que fica é a beleza de uma época em que a liberdade e experimentação era condição básica para a sobrevivência de cada grupo em cada cantinho do planeta. Show de Mr.Towshend !
MP3 FAST REVIEWS – CD 21

Ozzy Osbourne – Bark at The Moon (1983)
Quarto album do Ozzy que traz a faixa título como destaque. Ozzy encontra em Jake E.Lee um substituto definitivo ao grande Randy Rhoads falecido um pouco antes do disco ser gravado. O videoclipe de “Bark at the Moon” com Ozzy vestido como lobisomem tomou a MTV de assalto e projetou este álbum do Madmam. Após o sucesso desde disco Ozzy, começa a beber e cheirar feito louco e sua produção, embora constante, perde a qualidade só voltando a ter algum valor quando do lançamento do surpreendente ótimo “No More Tears” de 1991.

Phil Spector – A Christmas Gift For You (1963)
Disco que consta em todas as listas de 100 melhores de todos os tempos ressaltou e confirmou a genialidade de produtor de Phil Spector, um mestre na arte explorar os recursos de um estúdio de gravação. Neste álbum natalino, o inventor do “wall-of-sound” grava girls groups como as Ronettes e cantorzinhos anódinos como Bob Soxx e os The Blue Jeans. Vale pela beleza do som e a sofisticação do resultado final.

Pink Floyd – Black Wizard: Live Montreux Jazz Festival (1971)
Qualidade de gravação muito boa por se tratar de um bootleg, ainda mais se considerarmos o longuinquo ano de 1971...,(provavelmente foi gravado direto da mesa de som) traz apenas três longas e brilhantes músicas do querido Pink Floyd (Echoes, Carefull With That Axé, Eugene e Set The Control For The Heart of The Sun). Como detalhe curioso o nome do álbum “Bruxo Negro” (quem seria ele ?) e o fato da capa trazer o Mason (quase sempre é o Waters ou o Gilmour). Enfim, 53 minutos de rock progressivo com a assinatura dos mestres ingleses. Pode ir sem medo.
  
Pungent Stench – Masters of Moral Servants of Sin (2002)

Grande lançamento da gravadora Nuclear Blast em 2002, este “Masters of Moral..” em que pese as críticas bestas contra o catolicismo é um bom álbum do gênero com uma quantidade brutal do mais extremo grindcore e alguns momentos death metal. Vindos da Áustria, o Pungent Stench nunca galgou ao patamar principal da produção extrema mas sempre foi uma ótima banda do lado B do gênero.

Radioactive Tribute to Kraftwerk

Mais um tributo (eles merecem) aos papas da música eletrônica, este Radioactive traz artistas japoneses como Takkyo Ishino, Hajime Fukuma e Teruo Nakano, ao lado de jóias do indie rock como Buffalo Daughter e Señor Coconuts executando versões personalíssimas do grupo alemão Kraftwerk. Disparado a melhor versão do disco é “The Robots” em levada caribenha com direito a xilofones e pianinho de brinquedo levada à cabo pelos ótimos Señor Coconuts. “The Model” retrabalhado pelo japonês Hikashu também é bem legal.

Robbie Williams – Escapology (2003)

Álbum fraco, de transição, pega o compositor Robbie Williams querendo se despedir do mundo teenager e investir num som mais rebuscado mas ainda mantendo vícios de sua produção anterior. Não é um grande álbum embora as canções “Feel” e “Love Somebody” tenha um certo valor. Serve como um retrato de um artista que manteve uma carreira mais à custa da aparência e da personalidade do que propriamente pelos dotes artísticos. Alguns anos depois Williams gravaria bons álbuns mas esta é uma outra história.

 Rotting Christ – Triarchy of The Lost Lovers (1996) /Genesis (2002)
O terceiro album da banda grega de black metal Rotting Christ é desde sempre seu melhor trabalho e um dos principais discos do gênero. Nesta estréia pelo selo Century Media, a banda vira as costas para a pauleira obtusa dos dois primeiros discos e abarca um trash metal majestoso com toques de progressivo e uma grandiloqüência que só o Therion ou o Mortiis conseguiriam produzir anos depois. Ritmos mais lentos, riffs de guitarras gêmeas, melodias impecáveis tudo interligado a vocais maléficos não há em “Triarchy of The Lost Lovers” um sulco sequer de música ruim. O mesmo não se pode dizer de Genesis (de 2002) que embora bom alterna uma “leveza” estranha para o som do Rotting Christ. A audição conjunta destes dois discos de certa forma é uma aula do que se convencionou chamar de black metal.

Safri Duo – Episode 2 (2001)
Dupla formada pelos dinamarqueses Uffe Savery e Morten Friis tenta uma ousada e pretensiosa criação de uma espécie de eletrônica-fusion ficando no meio do caminho com este disco chato e repetitivo. A tentativa de fazer leituras de músicas de diversos continentes filtrados por drum machines até que é boa mas nada se amarra direito e o disco perde o gás lá pela terceira faixa.

Television – Adventure (1978)
Com a impossível missão de tentar superar ou ao menos se igualar ao fantástico “Marquee Moon” de 1977, “Adventure” suaviza as guitarras de Tom Verlaine e se concentra nos truques de produção de John Jansen. Não é um disco ruim em momento algum e preserva o estilo intacto da dobradinha Verlaine-Lloyd , mas a combustão do álbum anterior não está presente. De toda a forma tem “Ain’t That Nothin” e “The Dream’s Dream” que já valem o disco...

Testament – Souls of Black (1990)

Sem o brilho de “New World Order” , mas melhor que “Practice What You Preach” este terceiro álbum do Testament preserva o som que todo headbanger quer ouvir: pauleira incandescente e guitarras bem tocadas. Esta grande banda do trash metal se afasta dos temas góticos e do ocultismo (presente apenas na capa) e parte para um a crítica social e política fazendo um panfleto metálico de qualidade única e que balizou outras bandas do gênero.
Chic – C’est Chic
O ano de 1977 para o baixista Bernard Edwards e para o guitarrista Nile Rodgers foi um ano para se emoldurar num quadro. Depois de um tempo desperdiçado nos estúdios tentando transformar chumbo em ouro e atirando para todos os lados do leque aberto pela disco music, eis que conseguem imortalizar o groove de “Everybody Dance” e “Dance Dance Dance”em algumas tapes de gravação.
Após o semi-milagre, refizeram todas as músicas (abandonando várias delas) e se nortearam pelo caminho aberto pelos dois hits arrasa-quarteirão. Lançado pela primeira vez pelo selo Buddah Records, o Chic estava, em 1977 para a cena disco da época, como uma cereja para um bolo confeitado. Era a banda mais comentada e tocada nos night clubes  a ponto da superstar Grace Jones exigi-los como produtores do seu próximo álbum.
Mas o que tinha “Ces’t Chic” de tão especial ? Alguém poderia lembrar da produção cristalina, dos vocais com phaser, da bateria orgânica e mostruosa de Tony Phillips, dos backing angelicais. Certamente “Ces’t Chic” resume toda a cena disco music em um único álbum pois reune estes predicados aí de cima com a energia incomum. Era a banda certa no momento certo.
Estima-se que, entre singles e álbuns foram vendidos algo como 6 milhões de cópias.

Freak Out , Le Freak, Ces’t Chic !!!
Janis Joplin
Nunca um título traduziu tão bem o conteudo de um álbum. “Pearl” , de 1971, é o álbum que traz os arrasa-quarteirões “Mercedez-Benz”, “Be and Bobby McGhee” e “Cry Baby”. Mas não há um único segundo perdido neste disco.
Joplin  transmite uma dor, paixão desesperada, carência afetiva e um caledoscópio de sentimentos em  rocks poderosos , blues pescados nas trevas e baladas lacrimejantes. Foi o último disco gravado por ela e fica a pergunta: o que mais estaria por vir desta magnífica cantora dos anos 1960 ?
“Be and Bobby McGhee” virou no Brasil campanha do jeans U.S.Top. A chamada publictária falava algo como “Vista por fora o que você sente por dentro” e enquanto isso um casalzinho se abraçava em torno de uma fogueira.

Necrofilia bicho-grilo de publictários brasileiros. Ah, depois veio a história do Serguei…
Linda Ronstadt
“Heart Like a Wheel” (1974) é a libertação de Linda  Ronstadt. Foi seu quinto álbum solo e seu último de estúdio para a Capitol Records. No cumprimento do seu contrato, Ronstadt devia para a  Capitol mais um álbum e, para realiza-lo, trouxe o produtor Peter Asher (que trabalhou com ela em “Don't Cry Now”) e o  multi-instrumentista e arranjador Andrew Gold. Asher e Gold foram creditados ao longo dos anos como sendo uma parte do sucesso deste álbum.
O resultado - um mix mais refinado e simplificado da vida nos EUA radiografado em country rock sereno.Com menos folk tradicional e uma notada guinada para o som mais comercial, este álbum provou a verve artística de Linda. O disco, certamente um dos três melhores de sua brilhante carreira, chegou ao No. 1 na parada de álbuns da Billboard, atingindo o topo  em 15 de fevereiro de 1975. Nesta ocasião apareceu pela primeira vez na capa da revista Rolling Stone. O lado B do single de "You're No Good", um cover de Hank Williams, "I Can't Help It (If I'm Still in Love With You)",  traz participações vocais da ótima  Emmylou Harris.

Uma foto colorida do Oeste americano.
MP3 FAST REVIEWS – CD 139

Amália Rodrigues – Ao Vivo no Café Luso (1952)
Álbum duplo gravado em 25 de abril de 1952. A versão vinil fazia o disco abrir de lado e continha um livreto com fotos e história do concerto. Tudo de importante que ela havia gravado até então estão neste brilhante disco ao vivo.

Amália Rodrigues – Estranha Forma de Vida
Coletânea da cantora portuguesa com a ótima faixa título, quase um brasão representando o que é o fado, com voz apaixonada, violões bem tocados e instrumental fino. Um ótimo cartão de visita para conhecermos a obra desta importante artista.

Billboard Top 100 Hits (1983)
As 100 mais do ano de 1983 apuradas pela revista Billboard. Foi o ano do ótimo: “Synchronicity” do The Police em primeiro lugar , além de Michael Jackson, Lionel Richie e Bonnie Tyler. Foi um ano excelente para o pop rock e não há uma única música ruim na relação. Coube em 6 CD-Rs.

1.    Every Breath You Take - The Police
2.    Flashdance - Irene Cara
3.    Say, Say, Say - Paul McCartney & Michael Jackson
4.    Billie Jean - Michael Jackson
5.    All Night Long (All Night) - Lionel Richie
6.    Total Eclipse Of The Heart - Bonnie Tyler
7.    Beat It - Michael Jackson
8.    Down Under - Men At Work
9.    Islands In The Stream - Kenny Rogers & Dolly Parton
10.  Shame On The Moon - Bob Seger & The Silver Bullet Band
11.  Baby Come To Me - Patty Austin w/ James Ingram
12.  Maniac - Michael Sembello
13.  You And I - Eddie Rabbitt w/ Crystal Gayle
14.  Sweet Dreams (Are Made Of This) - Eurythmics
15.  Sexual Healing - Marvin Gaye
16.  Say It Isn't So - Daryl Hall & John Oates
17.  She Works Hard For The Money - Donna Summer
18.  Uptown Girl - Billy Joel
19.  Africa - Toto
20.  Tell Her About It - Billy Joel
21.  Do You Really Want To Hurt Me - Culture Club
22.  Hungry Like The Wolf - Duran Duran
23.  Making Love Out OF Nothing At All - Air Supply
24.  Let's Dance - David Bowie
25.  Never Gonna Let You Go - Sergio Mendes
26.  Come On Eileen - Dexy's Midnight Runners
27.  You Are - Lionel Richie
28.  Seperate Ways (Worlds Apart) - Journey
29.  Electric Avenue - Eddy Grant
30.  Time (Clock Of The Heart) - Culture Club
31.  The Safety Dance - Men Without Hats
32.  Jeopardy - Greg Kihn Band
33.  Mr. Roboto - Styx
34.  Love Is A Battlefield - Pat Benatar
35.  You Can't Hurry Love - Phil Collins
36.  The Girl Is Mine - Michael Jackson & Paul McCartney
37.  Dirty Laundry - Don Henley
38.  Der Kommissar - After The Fire
39.  We've Got Tonight - Kenny Rogers & Sheena Easton
40.  Little Red Corvette - Prince
41.  Overkill - Men At Work
42.  Union Of The Snake - Duran Duran
43.  She Blinded Me With Science - Thomas Dolby
44.  Cum On Feel The Noize - Quiet Riot
45.  True - Spandau Ballet
46.  Goody Two Shoes - Adam Ant
47.  Puttin' On The Ritz - Taco
48.  Stray Cat Strut - Stray Cats
49.  One Thing Leads To Another - The Fixx
50.  Stand Back - Stevie Nicks
51.  Back On The Chain Gang - Pretenders
52.  One On One - Daryl Hall & John Oates
53.  Rock The Casbah - The Clash
54.  Don't Let It End - Styx
55.  (Keep Feeling) Fascination - Human League
56.  The Other Guy - Little River Band
57.  All Right - Christopher Cross
58.  Heart To Heart - Kenny Loggins
59.  King Of Pain - The Police
60.  Wanna Be Startin' Somethin' - Michael Jackson
61.  Is There Something I Should Know - Duran Duran
62.  Allentown - Billy Joel
63.  Affair Of The Heart - Rick Springfield
64.  Too Shy - Kajagoogoo
65.  Telefone (Long Distance Love Affair) - Sheena Easton
66.  Heartbreaker - Dionne Warwick
67.  Church Of The Poison Mind - Culture Club
68.  Suddenly Last Summer - The Motels
69.  Twilight Zone - Golden Earring
70.  (She's) Sexy + 17 - Stray Cats
71.  It's A Mistake - Men At Work
72.  Delirious - Prince
73.  Solitare - Laura Branigan
74.  Come Dancing - The Kinks
75.  Our House - Madness
76.  Family Man - Daryl Hall & John Oates
77.  Human Nature - Michael Jackson
78.  I'll Tumble 4 Ya - Culture Club
79.  Heart And Soul - Huey Lewis & The News
80.  Crumblin' Down - John Cougar Mellencamp
81.  Don't Cry - Asia
82.  I Won't Hold You Back - Toto
83.  Promises, Priomises - Naked Eyes
84.  She's A Beauty - The Tubes
85.  Tonight, I Celebrate My Love - Peabo Bryson & Roberta Flack
86.  I'm Still Standing - Elton John
87.  Hot Girls In Love - Loverboy
88.  Lawyers In Love - Jackson Browne
89.  How Am I Supposed To Live Without You - Laura Branigan
90.  The Look Of Love (Part One) - ABC
91.  My Love - Lionel Richie
92.  Take Me To Heart - Quarterflash
93.  Always Something There To Remind Me - Naked Eyes
94.  Faithfully - Journey
95.  I Know There's Something Going On - Frida
96.  Far From Over - Frank Stallone
97.  China Girl - David Bowie
98.  Burning Down The House - Talking Heads
99.  Why Me? - Irene Cara
100. Your Love Is Driving Me Crazy - Sammy Hagar

Geraldo Vandré – Convite Para Ouvir (1967)

Datadíssimo disco gravado em 1967 do menestrel comunista Geraldo Vandré que sonhava derrubar o governo militar com chatíssimas canções como “Pra Não Dizer Que Não Falei das Flores” e outros hinos esquerdistas. Ouvindo a lírica do Vandré se descobre porque todo mundo na época preferia o Simonal... De toda forma um álbum com influencias do cancioneiro chileno e com alguns sambas do Baden Powell. Só para iniciados.