John Cage
Já foi dito que o compositor norte-americano John Cage
elevou o barulho como forma de arte. Fez o mesmo com o silêncio. É um dos
defensores da chamada música aleatória, onde um pequeno rascunho ou celula
modal amarra improvisações musicais de toda ordem. Miles Davis, o famoso
trumpetista de jazz não cansava de afirmar que o jazz-rock parido pós “Bitches
Brew” tinha um pé na música de vanguarda. História saborosa a cerca de John
Cage é a da instalação de microfones escondidos pelas poltronas e sala de um concerto.
A conversa da platéia estava sendo gravada e após uma, proposital, enorme
demora o músico já recebia as primeiras vaias. Não satisfeito, Cage encarou
imóvel público e piano e não esboçou uma única reação. Quando o zumzumzum
beirava o insuportável, o compositor pediu um minuto de silêncio e anunciou
para todos os presentes a composição ali, naquele exato momento, de uma nova
obra. Abriu-se então o som de todos os microfones e o “barulho” causado pela
multidão foi servido à massa embasbacada como a nova música do compositor.
Conclusão: vaias, tosses, piadinhas, conversas em geral
foram misturadas num massa sonora que ganhou status de “música”.
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