Gran Torino
EUA (2008)
Direção:
Clint Eastwood
Elenco:Clint
Eastwood, Christopher Carley, Bee Vang, Ahney Her e Brian Haley
Se fosse resumir “Gran Torino” (até agora, a maior
bilheteria da carreira de Clint Eastwood) eu diria que é um filme que afirma a
todo momento o valor do passado e a inutilidade do presente.
Clint é Kowalski, ex-combatente na Guerra da Coréia e
funcionário aposentado da indústria automobilística. Sua mulher morre e ele que
nunca precisou de ninguém, se vê sozinho com as agruras da velhice. Ao mesmo
tempo que tenta lidar com as tarefas comezinhas, que para um homem se sua idade
começa a ser um suplício, ele acaba tendo que engolir seus novos vizinhos
asiáticos. Percebe então que a rua e o bairro, talvez a cidade (Detroit), está
tomada por eles e demonstra não gostar nem um pouco disso.
Seu filho é um vendedor meio deslumbrado e sua nora meio
fútil. Só lhe resta dois consolos, o cachorro e o “Gran Torino” um carro da
Ford que ele construiu com as próprias mãos e que consiste no seu tesouro.
O filho da vizinha coreana invade a garagem do Clint e tenta
roubar o “Gran Torino” mas acaba não conseguindo. O velho caubói então pega um
trabuco e por pouco não relembra os westerns que estrelou com o Sérgio Leone.
Decide não matar o jovem trombadinha mas força-o a pagar pelo incômodo ao
acertar com a mãe do rapaz a aplicação de “umas penas alternativas”.
O garotão se ferra bonito e tem que carregar uns móveis e
limpar uns telhados, o Clint só na cadeira de balanço tomando uma cerva e
rachando o bico...
Com o filme em andamento, logo o Clint se afeiçoa pelo rapaz
e decide lhe ensinar a não ser tão vacilão. O aspirante de trombadinha era uma
espécie de saco-de-pancadas de uma turma de gangue de rua que tentava força-lo
a entrar para o grupo deles. Como rapaz se negava, apanhava bonito.
Rola umas tretas e a irmã do trombadinha, que era gente fina
e amiga do velho Clint, leva uma surra homérica daquelas de ficar
hospitalizada, tudo porque ela era confidente do velho rabugento dono do carro
que todos queriam.
Aí vem a graça do filme, um cara ponta firme que já foi a
raposa de fogo, lutou na rua com bandidos e matou um monte nos western não
podia “arregar” para uns coreanos malacos. O velho Clint arma um esquema e vai
até a casa dos bandidos a fim de provoca-los até a morte. A morte no caso dele
mesmo, que decide preservar seu pupilo e sacrificar-se pelos dois jovens; o
ladrãozinho e a mina que apanhou.
Termina levando uma saraivada de balas e morre de braços
abertos como um bravo. Mas o que a gangue violenta não contava é que, durante
toda a trama, um padre que vivia no pé do Clint, pedindo para ele se confessar,
havia chamado a polícia que prende todos os tranqueiras.
Com o bairro “limpo”, os dois irmãos que eram os únicos que
prestavam por lá poderão ter um pouco de sossego e viverem normalmente.
A maior lição de moral em forma de filme que eu já vi.
Mostra o valor da retidão, da firmeza de caráter e que até temos o dever de
mudar, desde que esta mudança não entre em choque com a coerência de toda uma
vida. Nada de oportunismos, nem apadrinhamentos. Apenas o velho e bom prazer de
ver o dever cumprido.
Poderia ainda traçar uns parâmetros com as citações de
Detroit, do automóvel vintage da Ford, e o fato da GM estar indo pro saco na
vida real. Mas tudo isso é muito Gazeta Mercantil para a minha cabeça.
No final o “Gran Torino” zero bala , bonitaço, fica com o
ex-trombadinha que acaba aprendendo que para conseguir algo deve se fazer por
merecer.
O filme mais reaça e bacana dos últimos anos.
****Ótimo
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