quarta-feira, 16 de abril de 2014

Le Couperet – O Corte
França (2005)
Direção – Costa-Gravas
Elenco: José Garcia, Karin Viard, Geordy Monfils, Christa Theret, Ulrich Tukur, Olivier Gourmet
Em tempos de crise econômica, fusão de empresas, ameaça de hecatombe nuclear vinda do oriente e populismo de diversas formas e tipos, o filme “O Corte” do velho comunista grego Constantin Costa-Gravas até que surpreende.
Ao focar sua história no drama do desemprego de altos executivos, o diretor mostra que até no excitante mundo do capitalismo selvagem alguns pescoçinhos acabam rolando. Tudo em prol de uma suposta globalização e uma reorganização do mercado.
Bruno é um competente engenheiro que trabalhou por 15 anos numa fábrica de papel e foi demitido num daqueles “facões” (chame de reengenharia ou adequação de organograma...) e não se conforma com o fato.

Como os anos estão passando depressa, Bruno, que vive a agrura de possuir uma profissão muito minuciosa, específica demais, traça um plano para voltar ao mercado de trabalho.
Primeiro ele publica um falso anúncio de emprego recrutando exatamente os profissionais que estão no seu mesmo perfil, os chamados “concorrentes”.
Separa alguns currículos e chega a conclusão que cinco deles realmente poderiam competir em pé de igualdade ou até supera-lo na busca de um novo lugar ao sol.
Como sua vida está indo de mal a pior, casamento abalado, dívidas e filho virando ladrão, Bruno decide reagir rapidamente. A solução é simples e direta: matar todos os seus concorrentes. Para ele não tem problema, como diz um ditado: um você pode matar ! Mas Bruno sonhava mais alto.
Segue cenas de tocaias e planos e eis algumas mortes. Como entreato de cada assassinato, umas partes impagáveis de candidato (ele) sendo entrevistado, a petulância costumeira das mocinhas de Recursos Humanos e a euforia e posterior frustração do emprego (quase) conseguido.

Uma crítica tão feroz ao capitalismo não assusta pelo histórico do diretor. Costa-Gravas é conhecido por filmes pesados e discursivos como “Missing – O Desaparecido” que eu, na época com 14 anos, tive a infelicidade de assistir no cinema da minha cidade sem entender 1% do que aquilo se tratava.
O ator José Garcia (Bruno, o protagonista da história) tem atuação avassaladora e as caras e bocas que ele empresta ao personagem está sem dúvida no rol das grandes interpretações do recente cinema europeu. Parece que outros dois filmes foram rodados nos últimos anos e de mesma temática “Agenda” de Laurent Cantet e “Rosetta” dos irmãos Dardenne . Provavelmente, já que todos tratam da questão do desemprego, formam uma espécie de “trilogia da demissão”. Mas eu ainda não pude vê-los e checar se é mesmo isso. Fica a dica.
Xerox do currículo e duas fotos 3x4 !!!

**Regular

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