domingo, 13 de abril de 2014

Yarasa Adam Betmen a.k.a. Turkish Batman
Turquia (1973)
Direção: Savas Esici
Elenco: Levent Cakir, Emel Ozden, Altan Gunbay, Nalan Col, Ceyhan Cem e Funda Ege

Depois de Rambo, Star Wars, Star Trek, ET e tantos outros, agora temos a versão kebab de Batman engendrada pelo bizarríssimo cinema turco dos anos 1970.
A jóia rara começa com uma garota de mini-saia fugindo de dois mal-encarados de chapéu. Como ela está de salto alto logo é alcançada pelos malacos e mesmo descalçando os sapatos, para correr melhor, não consegue fugir. Outros dois bandidos (agora são quatro) aguardavam na esquina e ela sem tempo de negociar com os emboscadores é executada com quatro tiros. Uma bala de cada assassino...

Corta. A cena agora é o interior de uma biblioteca, o nosso Batman (sósia do Gene Simmons com aquela cabeleira armada e cara de mau) está lendo um jornal e atendendo uma espécie de transmissor. Uma voz informa que mulheres da cidade estão sendo mortas por uma organização fundamentalista que quer impor o homossexualismo em Ankara, erradicando por completo o gênero feminino da face da Terra. A voz diz ainda que o Batman está recebendo uma relação (via fax) com o nome de mulheres da cidade (supostas futuras vítimas).
O Batman responde que irá investigar e o interlocutor encerra a conversa dizendo para o Homem-Morcego comprar preservativos para o Robin, que já está virando mocinho !!?
Por falar em Robin, logo ele aparece com seu traje de super-herói e nem cumprimenta o Batman, o que ele começa é a trocar socos e brigar com o amigo que se assusta, já que o menino prodígio está pegando pesado. Mas tudo OK. A briga era um treinamento da dupla dinâmica para manterem os músculos firmes (hummmm...).

Novo corte. Uma boate onde uma belezinha turca está fazendo um strip-tease ao som de um solo de saxophone do avô do Kenny G. O Batman aparece por lá e, provando que além de politicamente incorreto é corruptor de menores, leva o Robin com ele (ambos sentam na primeira fila para apreciarem melhor o espetáculo). O velho morcego está vidrado e babando enquanto seu pupilo ensaia um bocejo (tá na cara que estava achando tudo aquilo um saco !).
Termina o show e os dois vão até o camarim da artista para felicita-la e flagram dois maníacos estrangulando a coitada. Como se atrasaram por um segundo não evitam a morte da garota, mas conseguem agarrar um deles. Enchem o sujeito de porrada e perguntam para quem ele trabalha. O bandido, antes de começar a soltar a língua, engole uma cápsula de cianureto e leva o segredo para o túmulo. Vai então visitar o inferno sem Beatriz...

Pausa. Uma gatinha de botas brancas e mini-saia Mary Quant caminha despreocupada pelas ruas desertas da cidade e é perseguida por um camarada sinistro com bigode de Rivelino. O sujeito, antes, dá uma última tragada no cigarro e joga a bituca na calçada porque sabe que o Kassab está bem longe. Lá em Ankara não tem a lei da cidade limpa.
Quando o bandido consegue agarrar a mocinha ele tem o azar de cruzar com os paladinos da lei que estavam dando uma volta com o batmóvel (no caso, um Lada russo) que freia e quase atropela o gangster. Melhor destino teria se isso tivesse acontecido, pois o Batman está nervosinho com tanto crime e maltrata o meliante sem dó. O Robin, com salto de acrobata, dá um duplo carpado de enrubescer o Diego Hypolito enquanto o morcegão amacia a carne dando uns jabs de direita no infeliz.
Surgem mais bandidos, desta vez armados até os dentes e começam a atirar na dupla dinâmica. Rá, assinaram o atestado de óbito !
O Batman turco também usa revólveres (no caso dois) e no melhor estilo Giulliano Gemma mata os três bandidos a tiros. O Batman turco não tem ética nem pudores do Bruce Wayne americano...

A morena de botas brancas, sã e salva agradece a dupla e dá um beijinho no Batman (que faz um sinal de cabeça mandando o menino prodígio cair fora).
A cena é interrompida e deduzimos o que pode ter ocorrido, mas agora temos uma moreninha bebendo um uísque no interior de um apartamento e colocando um disco de rock numa vitrolinha portátil. Vindo sabe-se lá de onde aparecem dois criminosos que invadem o apê da moça e começam a espancá-la. Quando se preparavam para executa-la com um tiro na testa, surge o Batman com seu aliado e começa uma luta toda cheia de coreografias que não acaba nunca.
São apenas três bandidos contra a dupla de heróis e esta matemática no mundo do combate ao crime é fava contada pró homens da lei. Não dão nem para o começo...

Por falar em dar, a garota (salva pelos heróis) está semi-nua e ansiosa para agradecer os seus salvadores. Só quem recebe o “prêmio” é o Cavaleiro das Trevas já que o Robin, antes que o Batman lhe ordenasse, já havia caído fora e estava neste momento esquentando o Batmóvel (que o Batman lhe proibia de dirigir pois além de menor não tinha habilitação...).
O Batman está beijando a moça e quer ir para os finalmentes mas é interrompido pelo comissário Gordon.
Enquanto o policial atualiza o morcegão das últimas do mundo do crime é mostrado pela primeira vez o QG dos vilões. A Mulher-Gato, uma loira meio gordinha, estava por lá e era a namorada do líder da organização criminosa.
Nova cena de mulheres dançando ao som de vitrolinhas e desta vez temos o rock bubblegum dos Herman’s Hermits. A música é interrompida pelo som da campainha. Era a Mulher-Gato que já chega atirando e mata a mocinha roqueira.

Por que o Batman não chegou ? A dupla dinâmica está atrasada, o Robin deu uma sumida e o Batman está dando um rolê pela cidade. Avista uma prostituta com botas brancas e vestidinho curto (o visual de todas as mulheres do filme), abre a porta do batmóvel e leva a garota para casa. Começa uma sessão rala e rola que é interrompida pelo telefone tocando. Era a noiva do herói. O pilantra  mente para a namorada dizendo que está na cama e doente. Bem, pelo menos ele disse meia verdade afinal estava mesmo na cama, mas com “expressão bem sadia”. Como a mentira tem pernas curtas, a noivinha traída aparece para uma visita. O Homem-Morcego, malandrão, não se dá por vencido e saca do cinto de utilidades um termômetro que esquenta com um isqueiro. A noiva bate à porta e chama por seu nome, enquanto isso ele improvisa um avental e combina com a meretriz que se faz passar por enfermeira.
A encenação engana a noiva que logo vai embora. Quando o Batman ia tentar terminar o que foi interrompido ele é mais uma vez solicitado a combater os bandidos.

Agora puto da vida e com sangue nos zóios o morcego vai para as cabeças com sede de vingança contra os que a toda hora o impedem de ser feliz. Acha os bandidos e com prazer sádico vai judiando dos facínoras chegando ao ponto de estrangular um deles.
Fim da missão. Todos estão presos ou mortos (muitos pelas mãos do próprio Batman) e agora o Morcegão pode cuidar de coisas mais práticas deixando de ser o Batman vara virar o Bedmen. O Robin enquanto isso prepara uma rede e decide ir caçar borboletas...

Dinamite no monopólio da incompetência ! Sinfonia punk em forma de filme !
Aprende, Frank Miller...

*****Ótimo

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